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Ponta Grossa – A CPI das Universidades, criada em março de 2004 para averiguar irregularidades nas instituições estaduais, terminou em abril, mas as denúncias continuam. Ao apresentar o seu relatório final, a comissão constatou um desvio de R$ 1,2 milhão na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Entretanto, o suposto desvio seria só a ponta do iceberg e os valores que saíram do cofre das instituições podem ser ainda maiores. No 2.º Distrito Policial de Ponta Grossa, o processo sobre a UEPG, com aproximadamente 50 mil páginas, ocupa uma mesa da delegacia.

Depois de um ano de trabalhos nas universidades estaduais, em especial a UEPG, a CPI entregou um relatório de 229 páginas que sugeria o indiciamento de ex-chefes de departamento. O delegado que agora cuida do caso, Marcos Vinicius Sebastião, acredita que os valores desviados possam subir à medida que os inquéritos evoluam. Para melhor administrar o caso, ele separou o processo em quatro inquéritos, que investigam separadamente a seção de Pagamento e Receita, o departamento de Odontologia, pagamentos irregulares de horas extras e a fazenda-escola. Os valores levantados pela CPI teriam sido verificados nos dois primeiros inquéritos.

O delegado concentra forças agora nos pagamentos irregulares de horas extras e na fazenda-escola. No inicio da semana, um professor e ex-sindicalista revelou à polícia a existência de uma "folha de ponto dois" para os vigilantes da instituição. Por algum tempo, eles foram obrigados a assinar um formulário já preenchido com horas extras nunca realizadas. "Isso é apenas um grão de areia no caso todo", diz o professor Jesus Vieira dos Santos, autor das denúncias de desvio de dinheiro da UEPG, que resultaram na abertura da CPI das Universidades.

Os dois primeiros inquéritos, sobre a seção de Pagamentos e Receitas e o departamento de Odontologia, estão na fase final. Nove pessoas foram indiciadas por desvios de recursos públicos entre 1995 e 1999. Uma das formas de desvio era a troca de cheques no caixa da instituição. Três cheques que foram trocados dessa forma, de R$ 1.000, R$ 500 e R$ 700, em nome do ex-chefe da divisão financeira, não foram depositados na conta da instituição.

No setor de Odontologia, segundo o delegado, o desvio ocorria por meio de pagamentos realizados à comunidade. A polícia constatou que os serviços eram pagos, mas não autenticados. "Certamente o dinheiro não entrava para a universidade" conta o delegado. O setor também costumava cobrar por serviços pagos pelo Sistema Único de Saúde. De acordo com o delegado, o sistema funcionou por cinco anos, mas a investigação ainda não levantou o montante que teria sido desviado. Sebastião vai solicitar uma perícia fiscal nos documentos levantados para detectar o valor.

O processo sobre a UEPG é grande. O delegado já perdeu as contas de quantas vezes pediu a prorrogação do prazo de investigação ao poder judiciário. "Para cada coisa que a gente apura, vêm outras paralelas", diz. Sebastião estendeu o período investigado por causa dos novos casos. Agora, analisa as contas desde 1993.

Além da polícia, o caso corre na Procuradoria Geral do Estado (PGE) e no Ministério Público de Ponta Grossa. As investigações sobre o rombo da UEPG passaram também por uma sindicância na própria instituição e na Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), que repassou o caso para a PGE. No Ministério Público de Ponta Grossa, os processos sobre a UEPG estão parados, a espera de posicionamentos da PGE. A reportagem procurou o órgão para comentar o processo, mas não houve retorno.

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