De acordo com um levantamento feito pela Fundação de Ação Social, Curitiba tinha 437 moradores de rua no fim do ano passado. A pesquisa foi feita com base nos registros de entrada nos locais de atendimento da entidade, espalhados pelas oito administrações regionais do município. Segundo a coordenadora do Resgate Social, Eliana Olesky, o estudo revela um padrão comportamental.
"Quase 100% romperam totalmente o vínculo familiar, principalmente pelo vício", diz. Dos 375 homens cadastrados, 200 são usuários de álcool e 113 de outras drogas. Destes, 25 apresentam comprometimento mental e 11 têm seqüelas (psicose) pelo uso dessas substâncias. Dezesseis têm aids.
"As histórias dessas pessoas são sempre parecidas, surgem de um processo de alcoolismo ou dependência de drogas", explica Eliana. Depois disso, começam a perda do respeito e as agressões aos familiares mais próximos. Esses conflitos fazem com que o futuro morador de rua deixe sua casa, ou seja expulso. O vício faz com que ele perca os bens materiais, até não encontrar outra alternativa a não ser viver perambulando pela cidade.
Alceu Ielter, 43 anos, chegou bêbado ao albergue da FAS, na noite de anteontem. "Perdi a mulher e tudo o que eu tinha por causa da cachaça", lamentava ele, enquanto jantava. Ielter diz que trabalhou por mais de dez anos como garçom em um restaurante de Santa Felicidade. "Já tive muito dinheiro. Mas hoje não tenho o que fazer, a bebida é mais forte."
Eliana explica que o resgate social é acionado por três vias. A primeira é por chamados da comunidade, pelo telefone 156. A outra é por abordagem dos educadores sociais, que vão em busca dessas pessoas. Por último, eles podem procurar o serviço espontaneamente. "Não obrigamos ninguém a vir. São eles que decidem o que é melhor", reforça.
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