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A secretária Mônica Aparecida Gonçalves, 28 anos, é uma mulher corajosa. De segunda a sexta-feira, por volta das 18h30, ela encerra o expediente no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e vai para o ponto de ônibus na BR-476 (antiga BR-116), no trecho urbano da rodovia, em Curitiba. O local deveria estar iluminado pelos postes instalados há cinco anos, mas há vários meses as lâmpadas estão apagadas. "Acho que só funcionou no começo", diz. Em 2000, mais de 700 postes foram inaugurados ao longo dos 19,5 quilômetros que ligam os bairros do Atuba e do Pinheirinho.

Sozinha e no escuro, Mônica espera de 20 a 30 minutos pela chegada do Interbairros 5 e fica à mercê de ladrões e desocupados. "Medo eu até tenho, mas vou fazer o quê? Preciso pegar esse ônibus para ir para casa e para a faculdade", diz ela, que mora no Pinheirinho e faz Educação Física à noite na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná. Iluminação mesmo, só dos faróis dos veículos que transitam pela rodovia e da tela do celular dela – a única luz no ponto. "Vez ou outra pára um engraçadinho de carro para mexer comigo. Mas fico mais preocupada mesmo é com o pessoal que passa de bicicleta", conta.

Escuridão

O ponto de ônibus, que quase desaparece em meio à escuridão, fica entre os viadutos da BR-277 e da Avenida das Torres. Segundo a prefeitura, o trecho é um dos pontos que foram atacados por ladrões entre o fim do ano passado e o início deste ano. Cerca de 30 quilômetros de cabos de cobre foram furtados. A ação dos vândalos chegou a comprometer a iluminação de quase toda a extensão da BR-476.

Há três meses, a Gazeta do Povo percorreu a rodovia e constatou que 60% dos postes não funcionavam. Em nova vistoria na terça-feira passada, o quadro pouco mudou. O trecho mais crítico fica entre o bolsão da Vila São Pedro e o Contorno Sul, no Pinheirinho. São cerca de quatro quilômetros sem luz nenhuma nos dois lados da rodovia. "Isso aqui está abandonado faz tempo", relata o vigilante Silvio Antônio Paitra, 51 anos.

Quase todos os dias, ele cruza de bicicleta o trecho entre a Vila São Pedro e a sede da Ceasa (Central de Abastecimento do Paraná), no Pinheirinho, para trabalhar. "Tenho medo de ser atropelado por um carro", afirma. Mesmo tomando o cuidado de andar pela margem da BR-476, o risco é sempre grande quando precisa atravessar a rodovia. "Os motoristas estão cansados, com pressa para chegar em casa. Sem luz, eles nem enxergam a gente. E o pior é que passo pela rodovia sempre no horário de pico, quando tem mais carros", diz. Para ele, faltam passarelas para pedestres.

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