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estatística

Roubos a comércio crescem 10% em um ano em Curitiba

“Eles tinham em torno de 18 anos. Logo depois de pedirem a informação, mostraram uma arma na cintura e levaram minha bicicleta. Eles roubam para trocar por droga.” |
“Eles tinham em torno de 18 anos. Logo depois de pedirem a informação, mostraram uma arma na cintura e levaram minha bicicleta. Eles roubam para trocar por droga.” (Foto: )

O número de assaltos a comércio cresceu 10% no ano passado em Curitiba. O aumento se estendeu pelo restante do estado em torno de 8%, segundo números divulgados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp-PR). Além disso, pelo segundo ano consecutivo, o roubo na rua superou o furto, o que revela uma tendência de aumento da violência nos crimes contra o patrimônio.

"A supremacia do roubo nas ruas ante o furto é um fenômeno verificado também no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Revela uma tendência de sofisticação no crime contra o patrimônio", afirma o sociólogo e ex-secretário da Segurança Pública de Minas Gerais, Luis Flávio Sapori. Na capital paulista, houve um aumento de 12% no número de roubos entre 2012 e 2013.

De acordo com o especialista, a gravidade desse quadro tende a piorar porque, com o uso da violência, aumenta a possibilidade de sucesso do criminoso e o risco de ocorrer o latrocínio (roubo seguido de morte). "Isso revela que a Segurança Pública não pode estar focada apenas no homicídio, como é comum. É preciso pensar nos crimes contra vida e contra o patrimônio juntos. São os roubos que provocam a sensação de insegurança na população", ressalta Sapori.

De acordo com o balanço da Sesp-PR, o ano passado terminou com 14.609 roubos a transeunte contra 11.921 furtos, em Curitiba. Em 2012, a diferença no total entre os dois crimes foi quase a mesma que em 2013. Apesar de haver um registro de queda de 11% no furto ocorrido nas ruas, o crescimento do roubo preocupa e demonstra que os criminosos têm usado mais violência para cometer o delito.

Boa notícia

Por outro lado, os roubos a residências diminuíram quase 12% em Curitiba. Um dos motivos da queda, segundo a polícia, foi a prisão de uma quadrilha especializada neste tipo de crime, em dezembro do ano passado. Na época, a Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba (DFR) informou que os quatorze suspeitos detidos eram responsáveis por todos os assaltos a residências de alto padrão ocorridos em Curitiba nos últimos dois meses. O roubo a residência caiu 7% em todo estado.

Prevenção

Na avaliação de Sapori, a diminuição dos crimes contra o patrimônio depende, na maior parte dos casos, da capacidade de resposta da polícia. "São poucos os assaltantes e esses cometem muitos assaltos, normalmente", explica. Segundo ele, se há aumento, é porque a polícia não está usando de forma eficaz as informações de inteligência para cobrir essas regiões com o efetivo necessário, tampouco conseguindo identificar e prender os autores dos crimes.

Usuários de crack são maioria dos bandidos, diz delegado

O delegado-chefe da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, Francisco Caricati, explica que a maioria dos roubos ocorridos nas ruas de Curitiba tem sido cometidos por dependentes de crack. Na avaliação dele, isso torna o combate às ocorrências mais complexo. "É um tipo de crime mais difícil de reprimir. Podemos até identificar o suspeito, mas, como ele não tem residência fixa, dificulta a localização para prisão", comenta Caricati.

Ele conta ainda que tem se reunido com a prefeitura de Curitiba para programar um projeto para identificar os usuários nas ruas. "É um projeto da Polícia Civil, que contará com a ajuda da Guarda Municipal", destaca. De acordo com Caricati, quando o usuário tiver mandado de prisão em aberto, o trâmite padrão será o policial, com averiguação e prisão. Nos outros casos, a prefeitura dará o atendimento necessário, de reabilitação e encaminhamento a abrigos.

Queda

Caricati explica ainda que ocorreu um aumento de 16% no roubo a comércio de Curitibano primeiro semestre do ano passado. Para ele, as estatísticas divulgadas agora, com crescimento de 10%, representam, portanto, um freio no avanço desse tipo de crime na capital paranaense.

O delegado fala também em certa responsabilidade pelo aumento das estatísticas. Caricati conta que assumiu a DFR no segundo semestre de 2013 e explica que, desde então, focou nas grandes investigações de roubo a residências e na orientação de comerciantes. Segundo ele, é preciso também que os empresários melhorem a segurança privada de seus estabelecimentos.

"Nós também erramos, claro. Mas todos têm parcela de responsabilidade. É preciso também dificultar a ação do criminoso", diz o delegado. Ele frisa que o comportamento do empresário contribui para evitar o crime, assim como o trabalho da polícia. O delegado, no entanto, ressalta que é preciso um policiamento preventivo mais eficaz nas ruas.

PM

A reportagem solicitou entrevista à Polícia Militar (PM), mas a assessoria da instituição informou que o comando geral estava em reunião e, por isso, enviou uma nota. Segundo o texto, os números de furtos e roubos estão "na faixa da normalidade". Sobre a queda registrada nos furtos e roubos a residências, a nota explica que ela está relacionada também ao aumento da capacidade operacional da PM.

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