Moradores que vivem próximo à trincheira da Avenida das Américas, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, ficaram assustados após se depararem, no início desta semana, com rachaduras e uma cratera que surgiram na Rua Joaquim Nabuco. Além disso, as paredes de quatro casas nessa rua e na Doutor Claudino dos Santos também racharam. Ao todo, 18 pessoas, todas da mesma família, foram afetadas.
De acordo com Sandro Setim, diretor técnico da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), a chuva do fim de semana penetrou no solo e carregou parte da terra, que passou entre duas colunas da cortina de concreto que serve de arrimo para a trincheira. Isso provocou o afundamento da rua paralela, além de abrir rachaduras e uma cratera. "O engenheiro estrutural recomendou fazer mais uma linha de vigas para aumentar o número de tirantes de contenção, e a previsão é de mais 48 horas de serviço", explica.
A EMPO, empreiteira responsável pela obra, retirou no domingo parte dos moradores, que foram transferidos a um hotel próximo, enquanto os riscos provocados pelas rachaduras no solo e nas casas são avaliados. Alguns moradores, entretanto, se recusaram a sair. "Se a maloqueiragem vê que a casa está abandonada, eles entram para roubar mesmo. Eu e meu irmão não vamos sair daqui", diz o entregador de jornal Dalírio Siqueira, de 53 anos. "Ontem disseram que iam cuidar, mas à noite só tinha um guardião da empresa aqui, e ele não vai conseguir tomar conta de tudo", completa. Siqueira aponta rachaduras na parede e as colunas que se moveram. "A porta não fecha mais, o batente se afastou", mostra. De acordo com Setim, um seguro civil da empreiteira será acionado para ressarcir os moradores pelos danos provocados pelo afundamento de solo.
A trincheira da Avenida das Américas faz parte do PAC da Copa, e já deveria estar concluída. "Tivemos algumas interferências da empresa de gás e da Sanepar, mas isso já foi ajustado no Ministério das Cidades. Agora, a previsão de conclusão da obra é dezembro", explica o diretor da Comec. Ele admite que, caso a obra já estivesse concluída, o material não teria sido escoado entre as colunas de concreto.
Estabilidade
De acordo com Arivaldo Queiroz, diretor da EMPO, os engenheiros vão avaliar a estabilidade do maciço, segurado agora por cabos de aço, para fazer a recomposição do talude por baixo. "A área já está estabilizada e não oferece mais risco. Vamos apenas fazer uma avaliação técnica para ver se uma das casas vai precisar ser demolida ou não", conclui.
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