Moradores e comerciantes da Rua Francisco Derosso, no bairro do Xaxim, Zona Sul de Curitiba, estão revoltados com a onda de assaltos que assola a região. Em toda extensão da rua é difícil achar um estabelecimento que não tenha sido assaltado ou arrombado. A situação é tão crítica que os comerciantes ameaçam fechar as portas. O medo da violência obrigou alguns moradores a mudar de residência.
Só nos últimos 45 dias, Lincoln Atallah, dono de uma revistaria, foi assaltado quatro vezes todas sob a mira de armas de fogo. Devido ao prejuízo, Atallah teve de diminuir o estoque e deixou de vender cartões para telefones públicos e celulares. "Os cartões eram meu principal lucro, mas tive de parar de vender porque os ladrões levam tudo e fico no prejuízo", lamenta. "O giro de caixa na minha banca era de R$ 1 mil por semana. Hoje, abro o caixa e só tenho moedas. Não tenho mais como trabalhar. Vou fechar as portas e reabrir a banca em casa."
Francisco Nunes Ferreira, dono de uma estofaria, teve o estabelecimento arrombado duas vezes num espaço de seis meses. Na última ação dos arrombadores, eles levaram o equivalente a R$ 7 mil, em ferramentas e máquinas de trabalho da estofaria. "Eles não levaram o meu dinheiro. Tiraram, sim, o meu trabalho", reclama. "Tenho funcionários para pagar no fim do mês. Se for botar no papel, o dano foi muito maior porque fiquei sem as ferramentas que garantem meu ganha-pão."
O cabeleireiro Luiz Henrique Veiga Boeira teve de se mudar depois que a casa e o salão de beleza foram assaltados. O prejuízo, segundo Boeira, foi de R$ 39 mil. "Dois homens armados me renderam, levaram o dinheiro do salão e depois entraram na minha casa, que ficava nos fundos", lembra. "Da minha residência, eles pegaram jóias, dinheiro e outros pertences." Além do prejuízo financeiro, o cabeleireiro sofreu com a saúde. "Por um ano tive que me consultar com psicólogos, pois passei a conviver com a síndrome do pânico", revela.
Para evitar os assaltos, alguns estabelecimentos contrataram seguranças particulares e instalaram alarmes. O vigia Rodney Alvez, contratado por duas casas lotéricas, conta que mesmo com a presença de segurança particular, os assaltantes não se intimidam. "Num roubo, um colega que trabalha em outro turno aqui na lotérica foi rendido por dois homens armados", conta. "Os ladrões sempre chegam em [grupos de] dois ou três. Quando uma arma é apontada para suas as costas não se tem muito que fazer."
Atallah diz que sua banca tem alarme. "Mas só para evitar os arrombamentos: não tem como conter os assaltos", ressalva.
Polícia
O capitão Darci Caetano, do 13º Batalhão da Polícia Militar, responsável pela segurança no Xaxim, foi informado pela reportagem sobre os problemas enfrentados pelos comerciantes da Rua Francisco Derosso. O capitão foi ao local e conversou pessoalmente com as vítimas dos assaltos.
"Vamos traçar uma estratégia conjunta com a população para inibir a ação dos criminosos", promete. "Assumi o policiamento há apenas duas semanas. Ainda não conheço os problemas do local, mas já estamos estudando uma data para que a polícia se reúna com os comerciantes para discutir o que pode ser feito. Desde já vamos reforçar o policiamento."
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Interatividade
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