Entre prédios e ruas
Carvalho (Quercus robur L.) Praça Alvir Sérgio Licheski, no Centro de São Mateus do Sul.
Angico Branco (Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan) Praça da França, bairro Seminário, em Curitiba.
Paineira (Chorisia speciosa St.Hil.) Praça General Werner H. Gross, Bom Retiro, Curitiba.
Quatro Tipuanas (Tipuana tipu Benth.) Rua Ébano Pereira, em frente à Praça Santos Dumont, Centro, Curitiba.
Tipuana (Tipuana tipu Benth.) Rua Presidente Taunay, 260, no pátio do Colégio Nossa Senhora de Sion, Batel, Curitiba.
Ceboleira (Phytolacca dioica L.) Rua Professor Assis Gonçalves, 650, no quintal de um condomínio residencial, Água Verde, Curitiba.
Corticeira (Erythrina falcata Benth.) Rua Carmelo Rangel, em frente ao número 886, Batel, Curitiba.
Somente dez árvores receberam o título de bem tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural do Paraná e, ao que tudo indica, essa lista não deve aumentar. Nove delas estão em Curitiba e a décima encontra-se em São Mateus do Sul, na região dos Campos Gerais. Algumas dessas árvores acabam passando despercebidas na correria da cidade grande. Outras, mais famosas, recebem os cuidados da vizinhança. Mas todas escondem por trás de seus galhos, flores e folhas alguma história muitas vezes ainda desconhecida.
Diferentes dos bens materiais, que podem ser restaurados, as árvores têm a morte como destino certo. "Elas são seres vivos que têm um tempo de vida útil", afirma a engenheira agrônoma Miriam Rocha Loures, técnica do patrimônio natural da Secretaria de Estado da Cultura (Seec). Por esse motivo, só devem passar a ser tombados ecossistemas e áreas, como a Serra do Mar e o Passeio Público, não mais um único exemplar. A coordenadora da Seec, Rosina Coeli Parchen, explica que decretos municipais podem proteger árvores isoladas de cortes.
Os últimos tombamentos estaduais de árvores aconteceram em 1990. A proteção foi determinada pelo fato de serem árvores com beleza rara ou exótica e com importância histórica. Das dez árvores tombadas, o carvalho de São Mateus do Sul é o que corre maior risco de morrer em breve. A única espécie exótica tombada no Paraná provavelmente teve as raízes afetadas durante a reforma da praça em que está plantada. A árvore tem importância histórica para a população local. Segundo o historiador Mário Sérgio Deina, os poloneses que habitaram a região no fim do século 19 trouxeram relíquias da terra natal, entre elas sementes de carvalho. "Eles procuraram não perder suas raízes e seus vínculos. Queriam manter a memória da cultura polonesa viva no seio da sociedade", conta Deina.
Outra árvore que corre certo risco de cair é um angico branco de 27 metros de altura, no bairro Seminário. A base está oca e uma rachadura no tronco foi provocada por ventanias. Apesar do tamanho, a planta quase não é reparada por quem passa na movimentada Avenida Silva Jardim. "Vejo as árvores ali quase todos os dias há um ano e não sabia disso (tombamento)", diz o gerente Mauro Ribeiro.
Quatro tipuanas também não recebem a atenção que merecem no Centro da capital. Sufocadas entre meio-fios, calçadas e ponto de ônibus, elas não têm para onde crescer. Muita gente que passa pela Rua Ébano Pereira nem imagina que são patrimônios do Paraná. "São os únicos exemplares que sobraram da época em que toda a rua era arborizada", conta Miriam. Já uma quinta tipuana tombada tem sido reconhecida e cuidada por várias gerações de alunos do Colégio Nossa Senhora de Sion, no Batel. A árvore centenária provavelmente é herança da antiga Chácara Muricy e hoje encontra-se no pátio da escola.
Imponente, no alto do Bom Retiro, é difícil quem não note uma paineira com 27 metros de altura. Pelo fato de correr o risco de ser atingida por raios, a árvore nativa do Paraná tem em sua copa um pára-raios. "De vez em quando ela toma uns raios. Chega a tremer tudo", conta o barman Álvaro Miranda. Ele lembra que a vizinhança ajuda a cuidar do patrimônio. "Já tentaram furar, pixar, escalar... Mas todo dia tem gente tirando foto."
Os moradores de um condomínio no Água Verde também têm uma bela vista com uma ceboleira no quintal. Atípica, a base da árvore parece uma "pata de elefante" que precisa de 46 passos para dar uma volta nela. "Todos aqui cuidam dela. É muito bonita", afirma a bióloga Shenia Pedro Bom. A última desta lista, é uma corticeira, localizada no Batel. "A gente se preocupa que ela tenha uma vida longa", diz o advogado Antônio Claudio Gonçalves, que tem a árvore em frente de casa.
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