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Desabamento

Ruptura de pilar pode ter causado queda de prédios no Rio

Uma comissão de engenheiros especializados em estruturas, convocada pelo Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, divulgou nesta quarta-feira (15) as primeiras avaliações sobre o que pode ter motivado a queda do Edifício Liberdade, que arrastou outros dois prédios no desmoronamento do dia 25 de janeiro, no Centro da cidade.

Os engenheiros afirmaram que somente a ruptura de um pilar poderia ter provocado o desabamento da forma como aconteceu, quase que instantaneamente, sem emitir sinais na estrutura que desse tempo para as pessoas fugirem.

Para o vice-presidente do Clube de Engenharia, Manoel Lapa, a causa definitiva ainda não é conhecida, mas existem indícios do que pode ter ocorrido. "A experiência de nossos profissionais indica-nos que esse tipo de acidente normalmente ocorre por imperícia em alguma obra que não esteja sendo devidamente acompanhada por profissional habilitado. É possível que, na execução dessas obras, um pilar tenha sido danificado. Essa é a causa mais provável", disse Lapa.

Segundo ele, um furo feito em um pilar pode afetar sua capacidade, fazendo com que ele não tenha mais condições de resistir, levando tudo abaixo.

O engenheiro Gilberto do Valle, um dos seis integrantes da comissão, foi mais taxativo: "A única coisa certa é que um prédio com 70 anos não cai, a não ser que tenha sua estrutura agredida de alguma maneira. Quebrar uma viga não destrói um prédio. Quebrar uma laje não destrói o prédio. Mas, se quebrar um pilar, você destrói o prédio".

A comissão do Clube de Engenharia apresentou sugestão de projeto de lei à Câmara de Vereadores, estabelecendo obrigatoriedade de obtenção de certificação de inspeção predial em todas as edificações que sejam habitadas por mais de uma família.

Projeto sumido

O Clube de Engenharia propôs a criação de um banco de dados sobre as construções prediais da cidade. Segundo Manuel Lapa, a proposta surgiu depois que a equipe do Clube de Engenharia não conseguiu localizar o projeto estrutural do Edifício Liberdade. Só foi localizado o projeto arquitetônico do edifício, construído em 1938.

Pela planta original, que estava armazenada na prefeitura, é possível ver que havia quatro salas e três banheiros em cada pavimento, que somava 157 metros quadrados. Não é possível saber quantos pilares de sustentação existia, nem a sua localização.

"Até os anos 50, havia a obrigação de os construtores enviarem uma cópia do projeto estrutural dos prédios. Apesar disso, não foi possível localizar a planta do Edifício Liberdade", disse Lapa. "Hoje não existe mais essa obrigação de entregar a planta estrutural. A proposta tem o objetivo de preencher essa lacuna, não só com o projeto estrutural, mas também com as plantas de rede elétrica e hidraúlica".

O Clube de Engenharia enviou para a Câmara de Vereadores outros dois projetos de lei. Um que determinada a autovistoria dos prédios a cada cinco anos. Os síndicos passariam a ser responsáveis por contratar um laudo dos prédios atestando que a construção não apresenta riscos.

Outro projeto de lei do Clube de Engenharia determina que os moradores passem a requerer à prefeitura licenciamento para pequenas obras internas nos apartamentos. Com isso, os moradores seriam obrigados a contratar engenheiros que passariam a ser responsáveis pelas obras. Hoje, apenas obras de reforma ou acréscimo que afetem a fachada dos prédios são obrigadas a terem o licenciamento e um engenheiro responsável.

"É claro que uma obra como pintura não seria necessário ter licenciamento. Mas entendemos que obras que incluam a derrubada de paredes deva ter licenciamento e um profissional responsável", afirmou Lapa. "No caso do Edifício Liberdade, não temos nada que explique, por enquanto, qual foi a causa da queda, mas a hipótese mais provavél é que uma imperícia na obra tenha provocado problemas na estrutura do prédio. Por isso, achamos necessário que essas obras internas devam ter licenciamento".

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