Sorocaba (SP) Entidades ruralistas deflagrarão uma ofensiva contra as ocupações promovidas em todo o país por grupos liderados pelo Movimento dos Sem-Terra (MST). Desde o segundo turno das eleições, o movimento protagonizou mais de 20 ocupações em 11 estados, além de ter ocupado um porto e repartições públicas. Ontem, cerca de 100 famílias invadiram a Fazenda Santa Tereza, em Euclides da Cunha Paulista, no Pontal do Paranapanema, extremo oeste do Estado de São Paulo. Foi a 9.ª ocupação liderada pelo MST na região desde o fim de outubro.
Os ruralistas preparam uma agenda de mobilizações em defesa do direito de propriedade, que eles consideram ameaçado pela decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de mudar os índices de produtividade no campo para fins de reforma agrária. A primeira ação está marcada para a próxima quinta-feira no Rio Grande do Sul. São esperados 5 mil participantes para o I Fórum Rural pelo Direito de Propriedade, a ser realizado no Centro de Convenções de São Gabriel.
A região é palco de uma disputa pelas terras da Fazenda Southall pretendidas pelo MST e pelo grupo Aracruz Celulose. Uma marcha de sem-terra que saiu de Santana do Livramento em direção à fazenda foi barrada, na semana passada, por um comboio de ruralistas. Ante a iminência de um conflito, a Justiça determinou a interrupção da marcha. Os sem-terra permanecem acampados na zona rural do município e pretendem retomar a mobilização no próximo dia 5, quando a fazenda será vistoriada pelo Incra.
O presidente do Sindicato Rural de São Gabriel, Érclito Macedo, que organiza o fórum, espera a presença de representantes da bancada ruralista no Congresso Nacional. O líder da bancada Abelardo Lupion (PFL-PR ) e o deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO) confirmaram as presenças. "Não vamos aceitar mais invasões de jeito nenhum. Se o Estado não nos der proteção, nós mesmos vamos dar."
No evento, segundo ele, será feito um "alerta às autoridades" para o risco de acirramento dos conflitos no campo. "Há risco de conflito iminente aqui e em outros lugares, pois, com a reeleição do atual governo, as invasões se tornaram corriqueiras. Eles invadem, fazem reféns o proprietário, a esposa, o filho e nada acontece. Nós vamos proteger nossas terras e os valores do campo".
O presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, que participa do evento, disse que manifestações semelhantes estão sendo agendadas em São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. "Será a primeira de uma série de mobilizações em todo o Brasil. Não podemos ficar de braços cruzados, enquanto o MST age com a complacência do governo. Vamos fazer uma mobilização nacional para discutir politicamente essa questão e mostrar o que está acontecendo no campo".
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