• Carregando...

O acirramento das disputas por terra nos estados de Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul deixou em alerta as entidades ligadas à agricultura e à reforma agrária no Paraná. No estado nordestino, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) deflagrou uma onda de invasões chamada "2006 vermelho". Aproveitando o ano eleitoral, o comando nacional do MST pretende pressionar o governo federal a cumprir as metas de assentamento em todo o país. No Paraná, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) projeta assentar 2 mil famílias – 500 a mais do que a meta de 2005.

A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) teme a chegada do mês de abril, época tradicionalmente marcada pelas ocupações do MST em propriedades rurais. "Hoje há cerca de 60 acampamentos sem-terra espalhados pelo estado e todas as áreas que estão próximas a esses acampamentos estão sob risco (de invasão)", afirma o coordenador da Comissão Técnica de Assuntos Fundiários da Faep, Tarcísio Barbosa de Sousa. Segundo a Faep, outras 57 fazendas estão ocupadas por sem-terra.

No entanto, o MST do Paraná tem posições conflitantes quando o assunto é novas invasões de terra. Este ano, até agora, nenhuma propriedade rural foi ocupada pelo MST ou movimentos dissidentes. Cerca de 9 mil famílias, segundo o movimento, aguardam por um pedaço de terra no estado. "Não há ocupações planejadas. Queremos apenas assegurar nossas conquistas", afirmou um dos coordenadores do MST nos Campos Gerais, João Israel de Souza, que discorda do pensamento do comando nacional. "Esse é um ano político. Dificilmente a luta da reforma agrária vai avançar".

Na Região Oeste do estado, onde a situação é mais tensa, a opinião é diferente. Celso Barbosa, líder regional do MST, diz que o movimento não dará trégua ao governo federal até o assentamento, no primeiro semestre desse ano, de mil famílias. "A nossa prioridade é essa. Vamos continuar mobilizados até a conquista da terra".

Para o superintendente regional do Incra, Celso Lisboa de Lacerda, a ameaça do MST nacional de um "2006 vermelho" não deve ganhar força no Paraná. "Acho possível que aconteçam invasões, mas nada muito grave e numa proporção muito menor do que ocorria antes porque conseguimos avançar bastante nos últimos três anos". O estado já esteve entre os mais violentos no campo, mas isso tem mudado.

De acordo com dados da Faep, o número de ocupações vem caindo desde 2003 – passou de 59 para 35 no ano passado. O número de reintegrações de posse cumpridas cresceu de dois, há três anos, para 22 em 2005, ainda segundo a Faep – a maioria de forma pacífica.

Para Tarcísio Sousa, o que gera violência no campo é a invasão e por isso ela deve ser combatida a todo custo. "Espero que o governo não deixe nenhum movimento agir acima da lei. Se houver invasão que haja uma resposta imediata." O coordenador do MST no Paraná, José Damasceno, não foi localizado para comentar o assunto.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]