A presidente da Sabesp admitiu problemas na distribuição de água na capital paulista| Foto: Divulgação/Sabesp

A Agência Nacional de Águas (ANA) encaminhou ao governo de São Paulo dois ofícios cobrando explicações sobre o descumprimento, pela Sabesp, de um limite de retirada de água da represa Atibainha, uma das que pertence ao sistema Cantareira. Uma decisão da própria ANA e outra da Justiça paulista determinava que a Sabesp só poderia utilizar esse reservatório até uma cota de 777 metros. Fiscalização da agência federal encontrou o reservatório ontem no nível de 776,62 metros, portanto 38 centímetros abaixo do mínimo estabelecido.

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O volume de água abaixo do nível de 777 metros é considerado a segunda reserva técnica do Cantareira, também chamado de "volume morto". Conforme decisão da Justiça paulista, é necessário que a Sabesp ateste a impossibilidade de abastecimento da região metropolitana para usar o segundo volume morto, o que, segundo a ANA, não ocorreu.

De acordo com a ANA, o pedido da Sabesp para usar o segundo volume morto, feito pela companhia de saneamento de São Paulo no início de outubro, também não foi autorizado nem pela agência federal nem pelo Departamento de Água e Energia Elétrica do governo paulista, o DAEE. O ofício da ANA pede ao DAEE que tome providências para evitar que a Sabesp continue usando o segundo volume morto.

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Estiagem

A estiagem prolongada, que afeta o Sistema Cantareira, principal manancial de abastecimento de água da Grande São Paulo, está afetando vários bairros da capital paulista, além de cidades do interior do estado. Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou que já falta água em bairros de todas as regiões da cidade durante o dia. Ao menos 24 localidades enfrentavam o problema de distribuição.

A presidente da Sabesp, Dilma Pena, admitiu a piora na distribuição de água na capital paulista por causa do calor excessivo. Ela prestou depoimento na tarde de ontem à CPI que investiga o contrato da prefeitura de São Paulo com a estatal. Quando o consumo aumenta, a pressão da água na tubulação reduz, o que dificulta a vazão para regiões mais altas, por exemplo.

Dilma afirmou ainda que problemas de grande porte também prejudicaram o sistema nos últimos dias. Um deles, segundo ela, ocorreu em Americanópolis, na zona sul da cidade. Quase 400 mil consumidores foram afetados. Outra falha na rede ocorreu na região da Consolação (centro) e quase colocou em risco o abastecimento de água no Hospital das Clínicas.

Nos últimos dias, a cidade registrou temperaturas acima dos 30°C. Na segunda-feira, foi registrada a tarde mais quente desde fevereiro deste ano. Os termômetros chegaram a 35,9°C. De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências, da prefeitura, o tempo deve continuar seco e com as temperaturas elevadas nos próximos dias. Sem chuva, a umidade relativa do ar deve continuar abaixo dos 30%, índice considerado crítico, nas horas mais quentes do dia.

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Na audiência, Dilma Pena afirmou que no atual ritmo de consumo e falta de chuva, a água do primeiro estoque do "volume morto" do Cantareira deve acabar em meados de novembro. "Mas a nossa previsão é que comece a chover a partir do dia 20 deste mês", disse. O sistema operou ontem com apenas 4,3% de sua capacidade. No mesmo período no ano passado o reservatório funcionava com 38,3%.