São Paulo Noite mal dormida, alimentação precária, filas imensas para ir ao banheiro e horas e horas de espera. Parece ruim? Não para os 35 mil jovens que participaram do encontro com o Papa, ontem, no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. E entre eles estavam pelo menos 900 paranaenses. Curitiba recebeu 600 convites e Maringá, 300. A caravana de Maringá e uma das que vieram de Curitiba chegaram cedo ao local do encontro.
De Curitiba, o maior grupo era o coordenado pelo padre Alexsander Cordeiro Lopes, 29 anos. Os 230 jovens chegaram a São Paulo às 8 horas da manhã, depois de quase oito horas de viagem. Os seis ônibus saíram de Curitiba no início da madrugada de ontem, da frente do Museu Oscar Niemeyer.
Com a dificuldade de estacionar nas proximidades do Pacaembu, os ônibus ficaram perto do terminal rodoviário do Tietê. De lá, o grupo pegou o metrô com destino ao estádio, mas antes fez uma parada na Catedral da Sé. Eles entraram no estádio perto do meio-dia.
Imprevisto
O padre Alexsander contou que a viagem foi muito boa, mas não escondeu a decepção quando policiais que estavam na entrada do Pacaembu impediram que os curitibanos entrassem com sete ou oito faixas que eles prepararam para saudar Bento XVI. Seriam muito grandes, de acordo com os policiais. Resultado: o padre Alexsander teve de voltar ao ônibus para deixar o material.
Mas passado o imprevisto e com todos acomodados no estádio, chegou a hora de começar a preparação para receber o Pontífice. Os integrantes estavam todos identificados com camisetas amarelas onde se lia Curitiba. Não faltaram as bandeiras do Brasil e do Paraná, chapéus verde e amarelo e muitos guarda-chuvas e sombrinhas para se proteger do sol forte, apesar do friozinho que fez ontem em São Paulo.
No início da tarde, depois da empolgação da chegada, muitos jovens tentavam descansar um pouco e não eram poucos que cochilavam nas cadeiras. Mas não teve muito tempo para descanso. Por volta das 15 horas começou um pré-evento, com muita música, orações e barulho. Fim do sono.
Mas também ninguém mais queria dormir a esta hora. Caravanas que deixaram Curitiba no início da manhã estavam chegando ao Pacaembu. A estudante de Engenharia de Alimentos, Gabriela Maria Kawalec, 18 anos, viajou com um grupo que deixou a cidade por volta de 7 horas. Ela disse que foi um privilégio ter conseguido um convite para o encontro com o Papa, já que muita gente gostaria de participar e não conseguiu. "Vai ser uma emoção muito grande", garantiu.
Gabriela contou que sua ligação com a Igreja é fruto da educação que recebeu dos pais, bastante rigorosos quando o assunto é religião. Os pais dela são poloneses e estudaram Teologia antes de se mudar para o Brasil. Foram alunos de Karol Wojtyla, que depois viria a ser o Papa João Paulo II. E o pai de Gabriela também é um homem conhecido em Curitiba. Ele é o Tadeu do Pierogi, famoso por preparar o prato polonês.
O padre Leomar Antônio Montagna, assessor do Setor Juventude da Arquidiocese de Maringá, coordenou a viagem dos 303 jovens da cidade paranaense que participaram do encontro com o Papa Bento XVI. Ele contou que sete ônibus saíram de Maringá às 21 horas de quarta-feira e só voltam para casa hoje, depois da missa de canonização do Frei Galvão, no Campo de Marte.
Para ele, os jovens têm buscado a Igreja com mais interesse ultimamente e este encontro com o Papa terá resultados importantes: melhor relacionamento da juventude com Deus, solidariedade maior dentro das comunidades e a recuperação de valores humanos que andam um pouco esquecidos.
O estudante de Jornalismo Rafael Soares, 22 anos, que veio de Maringá para o encontro, disse que o evento deve ser considerado "um estímulo para o jovem continuar caminhando mais perto da Igreja". Rafael que participou da Jornada Mundial da Juventude, na Alemanha participa da Pastoral da Comunicação em sua cidade.
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