Quem se vacinou contra a gripe no ano passado não está necessariamente protegido da doença neste ano. Segundo especialistas, a imunidade adquirida a partir da vacinação diminui com o tempo. Outro ponto é que a vacina contra a gripe passa por modificações todos os anos devido à mudança nos principais subtipos de vírus circulantes.
“O corpo humano vai perdendo esses anticorpos produzidos pela vacina. Demora de seis meses a um ano, depende de cada pessoa e de cada subtipo do vírus também”, explica o infectologista do Hospital Marcelino Champagnat Moacir Pires Ramos.
Segundo Ramos, a “perda de imunidade” é comum: vacinas contra o tétano ou a febre amarela, por exemplo, precisam ser “reforçadas” a cada dez anos. No caso da gripe, o tempo é de até um ano e, para algumas doenças, o prazo de validade da vacina ainda é desconhecido. É por isso que dose de um ano não garante a imunidade no ano seguinte.
Mudança dos subtipos de vírus
O infectologista do Hospital Marcelino Champagnat explica que o vírus Influenza possui subtipos divididos entre os grupos A, B e C. Todos eles são compostos pelas proteínas, a hemaglutinina (H) e a neuraminidase (N), que nem sempre se apresentam da mesma forma, tendo sido identificadas mais 20 variações da hemaglutinina e em torno de 15 da neuraminidase. São as variações combinadas de diferentes formas que resultam nos vírus H1N1, H3N2, H5N1, etc.
Segundo a infectologista do Hospital Nossa Senhora das Graças Viviane Dias, há unidades sentinelas em todo o mundo, as quais coletam informações sobre os vírus circulantes e as enviam à Organização Mundial da Saúde. “Tem momentos em que está circulando mais o vírus H1N1, tem momentos em que está circulando mais o H3N2. Todo o ano a vacina tem que ser refeita para garantir que tenhamos os anticorpos adequados [aos vírus circulantes]”, diz Viviane.
Conforme os especialistas, para o Hemisfério Sul, a OMS anuncia em setembro quais subtipos de vírus que a vacina do ano seguinte para deve conter.
Grupos de risco
Apesar de beneficiar todos, a vacinação é recomendada com ênfase pelos especialistas para aqueles que fazem parte dos grupos de risco: crianças de seis meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias, idosos, gestantes, mulheres que tiveram filhos até 45 dias antes da vacinação, doentes crônicos, profissionais da saúde, agentes prisionais e população carcerária. Essas pessoas, segundo Ramos, são mais suscetíveis não apenas ao vírus, mas ao desenvolvimento de um caso grave da doença. “70% dos casos graves noticiados até agora são de pessoas do grupo de risco”, diz.