Sanepar deve usar represas como plano B para evitar racionamento

Atualizado em 26/07/06 às 19h35

A abertura de represas particulares é a nova estratégia da Sanepar para tentar impedir um possível racionamento de água em Curitiba e região. A medida, de fato, ainda não começou a ser adotada e mais parece um plano B da companhia - que mantém a esperança na chuva.

"Vamos esperar a chuva prevista pelo Instituto Simepar para depois, se necessário, fazer uso das represas", adiantou o gerente de produção de água de Curitiba e região metropolitana da companhia, Paulo Raffo.

A esperança na chuva é tanta que a companhia resolveu, preventivamente, fechar a barragem Piraquara I, para poder armazenar a água da chuva. "Desde as 15h desta quarta está fechada. Mas caso a chuva não venha amanhã (quinta-feira), provavelmente a Piraquara I terá que ser reaberta", avalia Raffo. Desta maneira, as duas principais barragens que abastecem Curitiba e região - Piraquara I e Iraí - estão fechadas.

Mal-entendido

No início da tarde desta quarta-feira, Raffo esteve na sede do San Remo Náutico Clube, em Piraquara, para acompanhar simbolicamente a abertura das comportas. O que era para ser um ato simbólico, ou seja, abrir e imediatamente fechar as comportas, acabou se transformando num mal-entendido entre a Sanepar e o clube.

Pelo menos até as 18h30 desta quarta-feira, as comportas da represa do San Remo Náutico Clube permaneciam abertas. "Está aberta desde 14h30 e só deve ser fechada por volta de 8h de amanhã (quinta-feira)", disse o presidente Gustavo Artigas. "A partir daí iremos aguardar as orientações da Sanepar", completou.

"Está aberta? Mas o combinado era abrir somente quando fosse necessário". Foi desta maneira que Raffo reagiu ao saber pela reportagem da Gazeta do Povo Online que as comportas estavam abertas. Dez minutos depois, após o contato entre Raffo e Artigas, ficou a promessa de que as comportas iriam ser fechadas. "Foi uma falha na comunicação, mas agora (19h30) está resolvido", disse Artigas por telefone.

A represa do clube, abastecida pelo Rio Iguaçu, é atualmente usada para a criação de peixes e para a prática de esportes náuticos. "Quando abrirmos a água deve percorrer uns cinco quilômetros até chegar na barragem do Irai", explicou Artigas.

Outras represas

Além do San Remo Náutico Clube, pelo menos outras quatro proprietários de represas da cidade já teriam demonstrado interesse em abrir as comportas, segundo a prefeitura de Piraquara.

A prefeitura de Piraquara também inicia uma campanha pela economia de água na cidade com distribuição de cartas à população.

Nível baixo nas barragens

As barragens do Iraí e Piraquara I representam juntas 70% do abastecimento de Curitiba e região. O nível de água em Piraquara I está 4,96 metros abaixo do normal, com 50,6 % de sua capacidade. Já no Irai, onde a situação é mais grave, está operando apenas com 33,2% de sua capacidade, com 3,47 metros a menos do nível. A barragem do Passaúna é responsável pelos outros 30% do abastecimento e hoje está com 83,1%.

A Sanepar ainda não divulgou dados sobre como a medida afetará o abastecimento dos moradores. Mas explicou, por meio de sua assessoria, que o trabalho de abertura será feito gradualmente, para que se possa utilizar todo o potencial de cada represa privada.

Autoria

De acordo com a Sanepar, a utilização de represas particulares é uma ação imediata da companhia para tentar afastar o racionamento. Contudo, Gustavo Artigas disse a medida seria fruto da iniciativa dos proprietários. Já a prefeitura de Piraquara alega que a ação faz parte de uma campanha municipal. Leia também:

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