Problemas à vista - Casas têm novas rachaduras
Novas rachaduras surgiram em imóveis construídos perto da cratera da Rua Gilmar Ceccon, em Campininha do Capivari, Bocaiúva do Sul. Ontem, era possível ver que o último aterro feito pela prefeitura, que jogou 20 caminhões de pedra e areia na segunda-feira, está ruindo. Ele abriu cerca de 30 centímetros.
Uma das moradoras das casas que correm risco, Maria Elisse Carrão, mostrou as rachaduras que apareceram nas paredes de um bar que a família explora. Ele fica em frente ao buraco. Ela contou que a casa do seu filho, que mora ao lado do bar, começou ontem a trincar perto da janela do quarto de casal. O imóvel tem menos de oito anos. Como a orientação é para continuar observando o fenômeno, o prefeito Ademir Costacurta descarta, por enquanto, a possibilidade de a Defesa Civil retirar das residências os moradores dos imóveis que correm risco. (JNB)
A exploração dos três poços artesianos onde surgiu uma cratera na semana passada, na localidade de Campininha do Capivari, em Bocaiúva do Sul, na região metropolitana de Curitiba, será reduzida nos próximos dias. A informação foi anunciada ontem, durante uma reunião entre técnicos da Sanepar, da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Suderhsa) e do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) com o prefeito de Bocaiúva do Sul, Ademir Costacurta.
No encontro, a Sanepar fez várias recomendações à prefeitura, entre elas que mantenha fechada a Rua Gilmar Ceccon, perto do ponto onde surgiu a cratera. Além disso, os técnicos querem acompanhar o fechamento de novos buracos, como o que apareceu dentro de um campo de futebol, também em Campininha do Capivari.
O laudo técnico com as causas do buraco de Bocaiúva do Sul, que seria divulgado ontem, será apresentado até o fim da semana pela estatal Minerais do Paraná S/A (Mineropar).
Segundo o geólogo João Horácio Pereira, gerente de hidrogeologia da Sanepar, o surgimento da cratera pode ter quatro fatores. "A fragilidade do solo, a estiagem, a extração de água e a trepidação causada pelo trânsito pesado (ônibus escolares e caminhões)", afirmou.
O solo é frágil por estar no Aqüífero Karst, que vai de Campo Largo a Adrianópolis. Há rochas calcárias, cavernas e circulação de água no subsolo. A tese vale para a cratera de Bocaiúva do Sul, para a do distrito de Tranqueira, em Almirante Tamandaré, que é dez vezes maior, e para as demais dolinas (afundamentos no solo) registradas na Grande Curitiba.
Por enquanto, a orientação é para que se continue a observar o comportamento do solo no local. "O planejamento do uso do solo é muito importante. Tem áreas do Karst que são próprias só para tirar água, porque estão em áreas frágeis", disse o geólogo da Suderhsa Everton Luiz da Costa Souza. Ele lembrou ainda que os moradores nem sempre conseguem entender isso. "Tem pessoas vivendo lá há 50 anos, os filhos querem construir, mas temos a obrigação de falar que é uma área de risco natural."
O ideal é que Bocaiúva do Sul, assim como os demais municípios do Aqüífero Karst, façam seus planos diretores, restrigindo as construções nos solos mais frágeis. O prefeito Ademir Costacurta informou que vai atender aos pedidos da Sanepar. "Vamos orientar os moradores a partir de amanhã (hoje)." Ele informou ainda que a prefeitura autorizou, há cerca de dois anos, a construção de um condomínio fechado perto de onde abriu a cratera. Ele já tem muros e algumas construções.
Tranqueira
O proprietário da área particular onde está a cratera do distrito de Tranqueira, com cerca de 60 metros de diâmetro e 70 de profundidade, deve começar na próxima semana a fazer a cerca que vai isolar o local. O buraco que virou atração turística vai se transformar em objeto de estudo de geólogos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Mineropar.
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