Brasília O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados vai notificar na terça-feira, por meio de edital, 25 dos 67 deputados acusados de participação na máfia das ambulâncias. Até agora, esses parlamentares não foram encontrados pelo Conselho para serem informados sobre o início dos processos de cassação que foram instalados há duas semanas.
O presidente do Conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), afirmou ontem que grande parte dos 25 deputados não foi ao Congresso durante o esforço concentrado no início desta semana. Outros, segundo Ricardo Izar, até estiveram no Congresso, mas deixaram os gabinetes fechados o que impediu a notificação. "É difícil analisar se foi proposital. Mas eu vou notificar todos para não termos problemas. Não dá para esperar mais", afirmou.
A demora na notificação beneficia os parlamentares suspeitos de envolvimento na máfia dos sanguessugas. Cada deputado tem o prazo de cinco sessões plenárias da Câmara para apresentar defesa prévia ao Conselho de Ética.
Os que foram notificados na semana passada, só têm agora o prazo de duas sessões já que a Câmara realizou três sessões plenárias esta semana durante o esforço concentrado. Os que ainda não foram notificados, possuem ainda o prazo inicial de cinco sessões.
"Na prática, todos os deputados vão apresentar as defesas somente depois das eleições. Fiquei frustrado com essa demora. Se o prazo fosse de cinco sessões do Conselho, teríamos convocado reuniões para acelerar os processos", afirmou Izar.
O presidente do Conselho disse que vai tentar acelerar, em especial, os processos de deputados contra os quais há graves indícios de envolvimento nas fraudes. "Não somos um tribunal de exceção, mas sabemos que existem processos graves e provas concretas contra alguns parlamentares. Esses eu vou tentar agilizar", disse.
O Conselho de Ética tem reunião administrativa marcada para o dia 3 de outubro, quando serão discutidas estratégias para os trabalhos do órgão diante do extenso número de processos de cassação contra deputados.
No total, a CPI dos Sanguessugas recomendou a investigação contra 69 deputados que estariam envolvidos na máfia das ambulâncias.
Dois renunciaram ao mandato na tentativa de escapar dos processos de cassação: Coriolano Sales (PFL-BA) e Marcelino Fraga (PMDB-ES).