A Santa Casa de Misericórdia de Colombo, na região de metropolitana de Curitiba, foi interditada pelo Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) na manhã desta quarta-feira (11). O procedimento feito pelo CRM é a "interdição ética". Os médicos estão proibidos de atender na Santa Casa. De acordo com a assessoria de imprensa do CRM, o prédio poderá continuar aberto, mas não haverá profissionais para atender a população.
O hospital tem 72 leitos e realiza aproximadamente 6 mil atendimentos por mês. Os pacientes devem ser atendidos no pronto-socorro do Alto Maracanã e também no Osasco enquanto a Santa Casa permanecer interditada, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Os profissionais que não seguirem a orientação para suspender o atendimento poderão ser punidos pelo CRM. O presidente do Conselho, Carlos Roberto Goytacaz Rocha, afirmou que o hospital sofre com a falta de médicos e até de medicamentos. A assessoria de imprensa do hospital salientou que não há falta de remédios e que o CRM foi informado de que o estoque não apresenta problemas.
O hospital é filantrópico e é mantido pela Irmandade da Santa Casa da Misericórdia Nossa Senhora do Rosário Colombo. A Santa Casa também conta com recursos da prefeitura de Colombo e do Sistema Único de Saúde (SUS) para funcionar.
O CRM divulgou uma nota oficial sobre a "interdição ética" e afirmou que a Santa Casa de Misericórdia de Colombo enfrenta problemas como "falta de investimentos, condições estruturais inadequadas para o exercício da Medicina, atraso salarial, ausência de Diretores Clínico e Técnico que respondam pela instituição hospitalar, impossibilidade de manter uma equipe médica permanente, falta de medicamentos básicos, materiais e equipamentos e ausência de escala médica diária de plantão".
"Não há condições de prestar atendimento adequado à população, por isso o CRM vai interditar a Santa Casa de Misericórdia de Colombo", afirmou o presidente do CRM à Gazeta do Povo. A "interdição ética" será adotada por tempo indeterminado. O atendimento não será normalizado até que os problemas apontados sejam solucionados.
De acordo com o presidente do CRM, outro problema é o atraso dos salários dos médicos. "Os profissionais não recebem salário há seis meses", disse Rocha. A assessoria de imprensa do hospital confirmou que há atraso no pagamento.
Uma médica que atende na Santa Casa e pediu para não ser identificada afirmou à Gazeta do Povo que há casos de profissionais que não recebem salário desde novembro de 2010. "Não abandonamos o plantão por causa do juramento ético que fizemos", afirmou a médica. "Realmente faltam medicamentos e equipamentos no hospital. A solução foi denunciar o caso ao CRM e o conselho constatou que havia irregularidades", completou.
Em nota, a Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Paraná (Femipa) afirmou que "os problemas de remuneração dos médicos, a falta de equipamentos e estrutura para o atendimento e a inexistência de especialistas de plantão refletem as dificuldades enfrentadas por parte dos hospitais menores de todo o estado do Paraná, que ainda não estão integrados de maneira adequada (ao) SUS" e "é preciso viabilizar a sobrevivência dos hospitais de pequeno porte numa rede de assistência hierarquizada e, ainda, diminuir a pressão sobre hospitais de referência, por meio de capacitação e pequenas adequações físicas para a instalação, para que essas estruturas funcionem, por exemplo, como leitos de retaguarda."
Falta de certidão negativa motivou atrasos
A Santa Casa de Misericórdia de Colombo não recebe recursos da prefeitura de Colombo desde outubro de 2011, de acordo com a assessoria de imprensa do hospital. A suspensão do repasse ocorreu porque a entidade não apresentou as certidões negativas de débitos.
A falta da verba do município ocasionou o atraso no pagamento dos médicos e também de alguns fornecedores. Os problemas podem ser ainda maiores nos próximos dias. Se os médicos não atenderem, o hospital não pode funcionar. Nesse caso a Santa Casa poderá deixar de receber também os recursos do SUS.
A reportagem entrou em contato com a prefeitura de Colombo, por volta das 10h50, e o órgão informou que vai se manifestar sobre o caso somente no período da tarde, em uma coletiva de imprensa.
A assessoria de imprensa da Sesa informou que tem contrato com o hospital e faz o pagamento por cada procedimento feito. O órgão está fazendo uma auditoria na Santa Casa para saber qual é a real situação e pode descredenciar a entidade. Ainda não há prazo definido para a conclusão da auditoria.
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