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Igreja foi ocupada por monges beneditinos
A igreja da Mãe da Divina Graça, instalada no Parque Estadual de Vila Velha, foi ocupada por monges beneditinos em 1981, quando os primeiros deles vieram de São Paulo. Com dinheiro de doações, eles construíram uma casa de madeira ao lado da igreja e usavam o santuário para as orações. Somente em 1985, quando reuniram mais recursos, construíram o Mosteiro da Ressurreição, na Colônia Eurídice, em Ponta Grossa, e deixaram o santuário.
Nos anos 1980, a igreja era bastante frequentada, embora ficasse a 20 quilômetros do centro de Ponta Grossa. A ex-primeira-dama Glaura Barbosa Pinto, hoje com 90 anos, esteve na inauguração da igreja e se lembra da chegada dos monges. "Houve uma grande recepção. Foi muito bonito."
O santuário foi inaugurado em 24 de novembro de 1979 após uma carreata que saiu da igreja do Sagrado Coração de Jesus até o templo em Vila Velha, onde uma comitiva já esperava os sacerdotes e os fiéis. Houve missa festiva com o então bispo dom Geraldo Pellanda.
O altar do santuário, em honra à Mãe da Divina Graça, tinha uma imagem de Nossa Senhora doada pelo papa Paulo 6.º ao bispo Pellanda, numa viagem feita em 1963 a Roma. Hoje a imagem está na catedral de Ponta Grossa.
O santuário do Parque Estadual de Vila Velha completa 35 anos em novembro, mas há sete anos a edificação, que dá vista para os arenitos, é ocupada apenas por aranhas, cupins e outros insetos. A igreja está fechada e sem manutenção porque não há definição sobre o uso. Há dois meses, a diocese de Ponta Grossa pediu à Casa Civil do Palácio Iguaçu a reabertura das negociações para a utilização do espaço.
Criado há 60 anos, o parque ficou fechado entre 2002 e 2004 por uma decisão judicial que determinava a revitalização da unidade. As estruturas que não têm relação com os ideais de preservação ambiental, como a igreja, a lanchonete e a piscina, foram desativadas após a reabertura. O plano de manejo do parque, apresentado em 2004, previa a demolição da igreja. Não houve intervenção estadual no santuário nas duas gestões do governador Roberto Requião nem na do governador Beto Richa.
Vila Velha é de responsabilidade do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do IAP, Guilherme de Camargo Vasconcellos, disse que não há planos para a igreja, já que atualmente a preocupação central é a eliminação de espécies exóticas e invasoras da flora na unidade.
Vasconcellos comenta, porém, que o impasse está na finalidade da edificação. "O uso da igreja está em desacordo com a preservação do parque", afirma. O plano de manejo aponta ainda que a edificação causa "um forte impacto visual" na unidade. A igreja pode ser vista da rodovia BR-376, mas não faz parte do roteiro de visitação pública.
Ela era usada, até meados de 2007, em algumas datas especiais, como a festa da padroeira do santuário e da diocese, a Mãe da Divina Graça. Segundo o bispo de Ponta Grossa, dom Sérgio Arthur Braschi, havia caseiros contratados pela diocese que moravam no anexo da igreja e cuidavam do prédio.
A Casa Civil informou que, para dar andamento à discussão sobre o reuso da igreja, depende de um pedido por escrito da diocese. Dom Sérgio reconhece que o impasse é de difícil solução. "Não temos nenhuma proposta porque sabemos que é difícil para o estado nos doar a área ou criar um acesso que esteja separado do parque", completa. Pela informação inicial da diocese, o espaço foi cedido pelo estado em comodato para a mitra.
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