São Nunca

• 0

O recesso parlamentar de julho não é o único aliado de Renan Calheiros (PMDB-AL) em sua nova tática de empurrar com a barriga o processo a que responde no Conselho de Ética. No Senado, todos apostam que o advogado Eduardo Ferrão, experimentado em causas políticas, abandonará a face teatral exibida diante do conselho e partirá para a etapa dos recursos judiciais – que, num caso como esse, podem se arrastar indefinidamente. Uma hipótese cogitada é pedir a anulação do processo pelo fato de a representação do PSol contra Renan não falar claramente em quebra de decoro. Outra seria tentar anular a perícia da PF, feita sem autorização do Supremo Tribunal Federal.

***

Inspiração – O modelo para Renan e aliados passou a ser o processo contra Ney Suassuna (PMDB-PB) no escândalo dos sanguessugas: arrastou-se por seis meses e terminou com mera advertência.

Peixeira – Um senador oposicionista que teve um tête-à-tête com Renan não apenas ouviu do próprio a ameaça de arrastar colegas para o cadafalso como sentiu que o alagoano não está brincando.

Nova Gautama – Nem só os bois voadores de Renan preocupam aliados do senador e do governador Téo Vilela. Eles têm certeza de que o prosseguimento das investigações em Alagoas acabará batendo na construtora Santa Bárbara, responsável pela reforma do aeroporto de Maceió. Tal desdobramento seria tão ou mais explosivo do que a revelação dos negócios de Zuleido Veras no estado.

Camaradas – Renan tem contado com a ajuda do PC do B, por meio do amigo Aldo Rebelo (SP) e do irmão Renildo Calheiros (PE). Foram eles que pediram a Inácio Arruda (CE), que nem membro do Conselho de Ética é, para comparecer às reuniões do órgão e defender o presidente do Senado, invariavelmente espinafrando a imprensa.

Permanente – Os médicos que atendem Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA) no Incor avisaram ao senador que de agora em diante ele não poderá passar sem diálise.

Balada – Funcionários administrativos da Polícia Federal inventaram uma modalidade festiva de greve. A paralisação, que acontece apenas às segundas, quartas e sextas, tem forró, quadrilha de festa junina, massagem e aulas de ginástica. Tudo em frente à sede da PF, em Brasília.

Vou de táxi – Políticos que ficaram retidos nos aeroportos ao longo da semana passada dão um conselho a Marta Suplicy: a ministra do Turismo deveria evitar esses locais por algum tempo. Piadas e manifestações menos bem-humoradas sobre o "relaxa e goza" são mais comuns do que livrinhos de palavras cruzadas nos saguões abarrotados.

Esboço – Com técnicos do partido debruçados sobre toda a documentação disponível, os tucanos da CPI do Apagão Aéreo da Câmara preparam um texto preliminar para ser entregue nas próximas semanas, "apenas como sugestão", ao relator da comissão, Marco Maia (PT-RS).

Apostas – A iniciativa, que no final da apuração pode resultar em relatório paralelo, evidencia o racha na CPI entre governistas, apoiadores das medidas anunciadas pela Aeronáutica na tentativa de superar a crise aérea, e a oposição, que prevê a escalada do contencioso entre controladores e seus superiores.

Fogo amigo – A convocação de Guido Mantega pela Comissão de Finanças da Câmara é troco da bancada do PT ao titular da Fazenda. Em pelo menos duas matérias recentes (Fundo de Participação dos Municípios e Refis), os deputados do partido se sentiram "desprestigiados" pelo ministro. "Vamos começar a apertar", diz um deles.

TIROTEIO

Do deputado Edson Aparecido (PSDB-SP) sobre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para quem os transtornos enfrentados pelos usuários de avião são "o preço do sucesso" da política econômica, que fez crescer o volume de passageiros.

– O governo usa o pouco que fez de certo na tentativa de justificar tudo o que fez de errado.