O biólogo Carlos Eduardo de Mattos Bicudo foi a segunda testemunhas a depor nesta segunda-feira (11), primeiro dia de julgamento do ex-policial e advogado Mizael Bispo de Souza. No depoimento, ele afirmou que o sapato do réu, analisado na época do crime, entrou na água da represa em que a vítima foi encontrada.
"O sapato analisado foi submerso na água da represa. Não há outra hipótese para essa alga estar lá", afirmou a testemunha se referindo a alga encontrada no sapato de Mizael, acusado de matar sua ex-namorada, Mércia Nakashima. O corpo dela foi encontrado na represa de Nazaré Paulista (a 64 km de São Paulo) em 2010. A testemunha destacou que a confirmação de que o material era proveniente da represa foi possível devido a várias amostras coletadas no Estado nos últimos 40 anos, apesar disso, ele afirmou que a alga existe sim em outros locais. Bicudo também afirmou que ao fazer a análise constatou que os resíduos deixados no sapato do réu eram recentes. Segundo ele, a alga morre rapidamente fora d'água, mas ainda mantém as características necessárias para a análise por cerca de 10 e 15 dias. Com isso, o biólogo estima que Mizael tenha estado na represa cerca de dez dias antes da análise do material.
O depoimento do biólogo durou cerca de uma hora e meia, mas ele não foi dispensado pela defesa de Mizael. Ele deverá retornar para uma acareação com o físico Oswaldo Negrini Neto, que contestou o laudo e deverá ser ouvido nos próximos dias.
Depois do biólogo, foi chamado para depor o engenheiro Eduardo Amato Tolezano, responsável por rastrear ligações telefônicas de Mizael. O depoimento dele, porém, não será transmitido como ocorreu com as duas primeiras testemunhas.
Ameaças
Antes de Bicudo, Márcio Nakashima, irmão de Mércia, foi ouvido no plenário e disse que o réu fazia ameaças e perseguia a vítima. "Quando ele não conseguia falar com ela, ele saía atrás dela. Ele gostava de controlar o que ela fazia", afirmou. Márcio ainda disse que, mesmo após o fim da parceria profissional - eles eram sócios em um escritório de advocacia - e do relacionamento, Mizael continuava passando em frente ao prédio da vítima. O acusado também ligava repetidamente para o celular de Mércia, o que fez com que ela trocasse o número do celular diversas vezes.
Durante o depoimento de Márcio, Mizael foi retirado do plenário a pedido do Ministério Público. De acordo com a acusação, a testemunha se sentia ameaçada pelo réu. A defesa contestou que, por ser advogado, Mizael faria sua autodefesa, porém o juiz Leandro Bittencourt Cano deu seu parecer favorável à Promotoria.