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Entrevista

Sara Winter se aposenta de ativismo e funda Clube de Alta Cultura

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Sara Winter, ex-militante feminista e pró-Bolsonaro, está em prisão domiciliar desde junho. (Foto: Reprodução/Instagram)

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Sara Winter, que em menos de uma década foi de líder do movimento feminista Femen a fundadora do grupo de direita 300 Brasil, não se considera mais uma ativista. Em prisão domiciliar desde junho, ela afirma em entrevista à Gazeta do Povo que abandonou a militância política e que, agora, aos 28 anos, quer ser somente professora e mãe.

“Em janeiro, eu me aposentei do ativismo de rua e prometi que nunca mais vou levantar um cartaz na rua, porque não é assim mais que eu quero fazer. No momento em que eu me encontro, com todas as sanções jurídicas e pessoais que eu sofri, com todos os transtornos que isso ocasionou para minha família, eu entendi que a minha vocação é, sim, pela justiça, mas que eu posso fazer isso de uma maneira diferente”, afirma.

A maneira diferente, segundo ela, é ajudar a formar intelectualmente as pessoas. Para isso, uma de suas apostas é o Clube de Alta Cultura, um curso de seis meses coordenado por ela com aulas sobre literatura, música, artes plásticas, cinema, entre outros temas. Um dos professores do curso, com quem ela mantém contato, é o filósofo Olavo de Carvalho.

Em recente entrevista à revista Veja, Sara afirmou que não sairia mais às ruas gritando: “Mi-to! Mi-to!” A declaração foi entendida por alguns como uma cisão com o presidente Jair Bolsonaro, mas ela explica que não se trata disso. “Eu disse que eu, na idade em que eu estou [28 anos], já não considero que seja mais adulto sair na rua gritando: “Mi-to! Mi-to!” Eu tive a minha idade de fazer isso, aos 20 e poucos anos. Agora estou com quase 30 anos, um filho para criar”, salienta. “Quem sou eu para ajudar o presidente? Eu sou uma professora, eu sou uma mãe. Então, acho que consigo ajudar formando algumas pessoas para iniciar os seus estudos e ordenar sua vida intelectual”, comenta.

Sobre a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, Sara – que ocupava um cargo na Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres (SNPM) da pasta – afirma que as duas tinham uma relação muito próxima, mas que Damares deixou de falar com ela sem explicação. "Em qualquer relacionamento que chega ao fim, é difícil se uma das partes que está sendo deixada não sabe o motivo pelo qual isso está acontecendo. Foi isso que aconteceu comigo", afirma.

Confira a entrevista na íntegra:

A ideia do Clube de Alta Cultura

Sara Winter: "O Clube de Alta Cultura nasceu de um desejo meu de reposicionamento de imagem. Eu percebi que eu não conseguia passar para os brasileiros o que eu já passo para o público da América Latina. Há cinco anos eu trabalho como conferencista internacional. Passei por dez países da América Latina trabalhando como conferencista internacional, como analista política e como assessora política. Eu já prestei consultoria para muitos senadores, deputados, vereadores, prefeitos, governadores e até dois candidatos à Presidência da República de dois países.

Tenho uma vida intelectual muito regrada desde 2016, quando eu tive a grande honra de conviver bastante com o professor Sidney Silveira, que foi praticamente meu padrinho nos estudos da vida intelectual. Mas eu tinha uma sensação de obrigação patriótica com meu país. Então, eu sempre dei tudo de mim para lutar com a militância de rua. Eu sempre organizei muitos protestos. Quando morava no Rio de Janeiro, organizei por três anos seguidos a marcha de valorização da vida dos policiais militares. Organizei bastantes carreatas em apoio à candidatura do presidente Jair Bolsonaro. Toda vez que tinha alguma coisa com relação ao aborto… Eu tenho dentro de mim uma vocação para a reação relacionada com a virtude da justiça. Quando vejo uma injustiça, eu quero imediatamente me posicionar, e meus posicionamentos são bem fortes.

Isso me custou um pouco. O meu posicionamento como ativista foi muito mais custoso do que toda minha carreira acadêmica que eu tenho fora do país. E eu entendi depois de todos esses meses… No dia 15 agora vai fazer oito meses que eu estou presa de maneira ilegal, inconstitucional. Não há nenhum preceito no ordenamento jurídico, nenhum embasamento para me manter presa. Eu tive todos os meus direitos fundamentais e humanos violados. E eu consegui entender que, muito bem, agora eu já estou com quase 30 anos, com um filho de 5 anos para alfabetizar, para criar, e eu já dei tudo que eu podia dar para o Brasil com relação ao ativismo. E esse reposicionamento de imagem é justamente para fazer ou que eu já faço nos outros países.

Eu acabei de ser contratada por uma universidade, em dezembro, e as aulas começaram agora. Eu sou professora universitária, agora, da Unicervantes, que é uma universidade colombiana. Estou dando aula para pós-graduação e diplomados. Então, eu sou uma professora universitária e, no Brasil, não sou reconhecida como tal, porque os meus posicionamentos aqui sempre foram ligados ao ativismo. Isso é um método contrarrevolucionário do qual eu pendurei as chuteiras.

Em janeiro, eu me aposentei do ativismo de rua e prometi que nunca mais vou levantar um cartaz na rua, porque não é assim mais que eu quero fazer. No momento em que eu me encontro, com todas as sanções jurídicas e pessoais que eu sofri, com todos os transtornos que isso ocasionou para minha família, eu entendi que a minha vocação é, sim, pela justiça, mas que eu posso fazer isso de uma maneira diferente, como eu já faço em outros países. Eu posso reunir todo o material intelectual e toda a força de vontade que eu tenho para ajudar a proporcionar aquilo que o professor Olavo de Carvalho já tem pedido há muito tempo, que é a mudança do país, do brasileiro, através da alta cultura. A ideia surgiu a partir de uma mudança ocasionada em mim e a partir da minha busca pela alta cultura nesses últimos cinco anos – na verdade, busquei a vida inteira, mas é muito difícil encontrar em universidades, na escola, encontrar algo que foi escondido –, e é por isso que nasceu o Clube de Alta Cultura."

O que o projeto do Clube de Alta Cultura traz de diferente de outros projetos de figuras da direita

Sara Winter: "Muitas pessoas de direita têm feito clubes do livro. Tem vários clubes de muitas pessoas diferentes… da Mariana Brito, da minha querida amiga Ana Campagnolo… Tem alguns clubes do livro que têm ficado populares. Qual a diferença do Clube de Alta Cultura? Ele não é um clube do livro, ele é uma imersão total de seis meses em alta cultura. Isso foi baseado na minha jornada pessoal e numa grande pesquisa que eu fiz com muitas pessoas. Eu perguntei para muitas pessoas – amigos, familiares, seguidores – se elas queriam ler os clássicos da literatura brasileira, portuguesa e universal e se elas sabiam por onde começar. E eles não sabiam. Eles queriam escutar e contemplar música erudita, mas não sabiam por onde começar. Eles queriam contemplar as outras belas-artes, como escultura, pintura, arquitetura, cinema, teatro, ópera, mas não sabiam por onde começar. Falta um ordenamento.

Então, eu pensei: bom, em vez de eu fazer só um clube do livro, eu vou fazer mais do que isso, vou fazer um clube de alta cultura, que é uma imersão total de seis meses em tudo isso. Juntei uma equipe muito legal com os maiores intelectuais do Brasil, que já deram aulas gratuitas, como o João Malheiros, o Olavo de Carvalho, a Vivi Princival, o Edmilson Cruz, o Dante Mantovani, a Jéssica Cruz, o Rafael Brodbeck, o Pedro Delfino… Tem muita gente já.

Durante seis meses, nós vamos ler seis livros com leitura guiada, e eu vou trazer especialistas sobre o tema e até alguns dos escritores dos livros que nós escolhemos para dar masterclasses. Além disso, os membros vão receber semanalmente todos os domingos três guias de contemplação de belas-artes. Um é só sobre música. Nós vamos criar playlists para guiar os membros pelo caminho da música erudita. São sete músicas por semana, uma para ser contemplada por dia. A mesma coisa com os outros dois guias. Um deles será de cinema, teatro e ópera – eles vão receber todo domingo um guia com sete indicações de óperas, peças de teatro ou de cinema em geral – documentários, séries, filmes… Tudo na direção da vida intelectual, da transcendência, da vida virtuosa. E o outro guia de estudos é sobre escultura, arquitetura e pintura.

Muitos desses guias serão elaborados pelos nossos curadores, que são esses intelectuais que participaram do nosso congresso de lançamento, e outros também que nós estamos fechando agora.

Além disso a gente vai proporcionar aulas de como ler livros, sobre a vida intelectual, sobre a educação da vontade… A gente vai montar um planejamento de estudos anual com os nossos alunos. Esse é o diferencial. E um acompanhamento diário. Tem um grupo exclusivo comigo, onde eu tiro dúvidas deles todos os dias."

A entrevista à Veja e a suposta cisão com o presidente Bolsonaro

Sara Winter: "Realmente, me parece que a direita precisa muito do Clube de Alta Cultura, porque às vezes me parece que o método Paulo Freire foi tão massivamente aplicado em todos que nem a direita sai ilesa da grande dificuldade de interpretação de texto.

Eu acho que devido ao grande número de traições que o presidente sofreu, a direita é muito desconfiada – ou a massa amorfa que hoje se chama de direita, que eu considero que seja totalmente mal organizada, não é homogênea, enfim…

Eu não quis dizer nada disso [que teria deixado de apoiar Bolsonaro]. Inclusive, o que eu falo ali [em entrevista à Veja] é que tudo o que estava ao meu alcance, eu fiz para defender o presidente no momento em que se falava sobre ele sofrer um impeachment, estar na iminência de um impeachment. Em momento nenhum na entrevista eu disse que não apoio mais o presidente. Eu disse que eu, na idade em que eu estou [28 anos], eu já não considero que seja mais adulto sair na rua gritando: “Mi-to! Mi-to!” Eu tive a minha idade de fazer isso, aos 20 e poucos anos. Agora estou com quase 30 anos, um filho para criar, e acho que seria mais proveitoso… Quem sou eu para ajudar o presidente? Eu sou uma professora, eu sou uma mãe. Então, acho que consigo ajudar formando algumas pessoas para iniciar os seus estudos e ordenar sua vida intelectual. E essas pessoas, daqui a alguns anos, podem ser bons políticos, ou podem ser só pais virtuosos ou pessoas virtuosas. Eu não acho que eu possa ajudar o presidente mais do que isso. Não sou ministra, não sou assessora dele, não sou nada. Sou algo muito pequeno perto do presidente da República e reconheço minha insignificância, mas eu não acho que eu tenha mais idade para sair na rua gritando “mito”. Acho que existem outras maneiras mais eficientes para eu, dentro da minha área de atuação, poder ajudar o presidente.

Acho que a direita tem se comportado de uma maneira totalmente infantil e tem feito assassinato de reputação com pessoas que realmente são conservadoras, e exaltado outras que têm a sua vida moral muito dúbia. Qual é o critério hoje que a direita usa para tratar minimamente bem, para acolher uma pessoa dentro da sua organização? As pessoas dizem: “Eu sou bolsonarista, sou bolsonariano”. Eu acho essas expressões totalmente infantilizadas. Eu sou eleitora do Bolsonaro, eu tenho estima pelo Bolsonaro, eu gosto do Bolsonaro, mas eu acho que essas coisas de definição, de rótulos, são algo muito esquerdista, muito próximo da subversão e das técnicas de ressignificação de palavras que a esquerda faz. E, quanto mais eu estudo, mais eu entendo isso.

Não vou dizer que eu sou bolsonarista, que sou bolsonariana. Sou uma eleitora do presidente, gosto do presidente, admiro o presidente, respeito o presidente, e é isso. E voto no Bolsonaro. Mas eu acho que chegou a hora de a direita dar um passo em direção aos estudos, à vida intelectual. Porque muitas vezes esse comportamento agressivo afasta as pessoas, né? “Você não vai sair na rua gritando ‘mito’? Então vamos destruir a tua vida!” É o que tentaram fazer comigo de novo. Isso afasta muito as pessoas, e inclusive é ruim para o Bolsonaro, porque muitas vezes as pessoas que querem conhecer mais sobre o presidente são atacadas, ofendidas por pessoas que estão com os sentimentos desordenados, com as paixões desordenadas, e pensam que as pessoas que orbitam o Bolsonaro são todas assim, são todos com uma postura muito agressiva, muito radical – que não é algo que eu busco mais para minha vida.

E acho que é isso. Para resumir, o que eu quis dizer é que eu não quero mais sair na rua gritando, nem para o Bolsonaro, nem para mim, nem mais para ninguém. Eu quero só ser uma mãe e criar meu filho, fazer homeschooling, e ajudar o meu país da melhor maneira possível através das vias acadêmicas."

A relação com Damares Alves

Sara Winter: "Eu e Damares fomos muito amigas. Foi uma mulher que eu amei. É uma mulher que eu amo. Eu amo Damares Alves e acho que vou amar pelo resto da minha vida. Foi uma mulher que me ajudou em momentos da minha vida de muita escuridão, de muitas trevas. Me deu muitas oportunidades.

Mas é difícil quando uma amizade chega ao fim. Em qualquer relacionamento que chega ao fim, é difícil se uma das partes que está sendo deixada não sabe o motivo pelo qual isso está acontecendo. Foi isso que aconteceu comigo. Era uma pessoa que chamava meu filho de “neto”. Era uma pessoa que me chamava de filha, que me tinha como filha, que me ensinou muita coisa, que me transmitiu muita coisa, que me salvou da automutilação, da depressão. Uma pessoa cuja própria filha, muitas vezes, ficava com a minha mãe, ou seja, a gente trocava de mãe. Nós tínhamos uma relação muito íntima. Moramos juntas. Tínhamos uma relação muito materna. Houve vezes em que ela disse que estava me criando para eu ser a sucessora dela.

E, no momento em que eu fui presa, eu não tive nenhuma ajuda do ministério, como ministério dos direitos humanos, e não tive nenhuma ajuda de mãe. Nenhuma. Nada, simplesmente desapareceu.

Às vezes eu mandava mensagem no WhatsApp pedindo que ela viesse me visitar, mesmo que escondida, porque eu sabia que seria uma vergonha para ela vir aqui. Ela dizia que não precisava vir escondida, mas nunca veio. O mais difícil foi explicar para o meu filho o que aconteceu com a vovó Damares. “Tá trabalhando, tá viajando.” Para o meu filho, foi uma perda grande e, para mim, também foi. A minha decepção é dupla, porque nós temos um ministério de direitos humanos em que algo acontece, e eu não sei o quê, mas eu sinto que a Damares não tem muita força lá dentro. Porque políticas feministas, de gênero, de ações afirmativas, saem daquele lugar o tempo todo. Eu trabalhei lá e saí de lá porque eu não aguentava mais ser oprimida pelas feministas que têm autoridade lá dentro.

E por que isso acontece? Eu não sei. Não sei por que isso acontece, mas acontece. Na verdade, isso muito provavelmente acontece porque existem funcionários que são concursados e que estão lá orbitando e dificultam a administração do governo federal, como agentes de desinformação e contrainteligência.

Meus advogados mandaram ofícios e tentaram entrar no programa de proteção de direitos humanos, seguindo todos os critérios, e nunca obtivemos uma resposta do ministério, mesmo que isso seja até ilegal. Se eu fosse entrar com algum processo baseado na lei de transparência, acarretaria problemas, mas eu estou abdicando de um direito, porque eu não quero prejudicar o governo Bolsonaro. Não quero isso, então, paciência. Mas eu fiquei muito surpresa, porque é um ministério que faz convênios com feministas, que faz convênio com travestis, que tem uma coordenação para tratar de pessoas em privação de liberdade, que tem todos os direitos humanos garantidos para todo tipo de preso, menos nós. Nós não tivemos nada, nem um ofício sequer respondido, nada. Então eu saí decepcionada pessoalmente e institucionalmente. Isso, para mim, foi muito duro."

Como pretende ajudar o movimento conservador a partir de agora

Sara Winter: "Não sei se eu tenho condições de ajudar o movimento conservador. Acho que o movimento conservador tem que querer ser ajudado. Na verdade, eu estou um pouco incerta se existe um movimento conservador. Estudando as obras dos principais teóricos do conservadorismo, o que a gente consegue entender é que o conservadorismo não é um movimento político, uma corrente política. Ele é um estilo de vida. Acredito que não exista um movimento conservador. O que existe no Brasil, hoje, são pessoas que votam no Bolsonaro. Mas essa grande massa que vota no Bolsonaro teria que fazer uma reflexão. Qual é o critério para você ser considerado um conservador?

Se eu fosse dona de um puteiro e oferecesse prostitutas de graça quando o Bolsonaro ganhasse a eleição, a direita, hoje, me aplaudiria, porque foi exatamente isso que aconteceu com o dono do Bahamas, maior prostíbulo de São Paulo. Quando ele ofereceu isso, a direita louvou o cara. Isso não tem nada a ver com o conservadorismo. Existe um consenso entre os teóricos que é muito difícil definir o conservadorismo. Eu não sou e jamais serei o Roger Scruton, por exemplo, mas eu, pessoalmente, para os meus alunos, eu defino conservadorismo como um estilo de vida que busca preservar todas as tradições baseadas na natureza humana. Tudo o que foge a isso é antinatural e, por consequência, imoral.

A gente vê o exemplo de um vereador que sempre se declarou bolsonarista, de uma cidade da baixada fluminense, que foi pego num esquema de corrupção e agora acabou de virar deputado. Todo mundo já esqueceu do escândalo de corrupção, e agora alguns canais de direita estão fazendo live com ele. Então, qual é o critério? Você pode ser corrupto, você pode ser adúltero, você pode ter um puteiro, você pode praticar homossexualidade desenfreadamente, mas, se você disse que vota no Bolsonaro, está tudo bem. Eu não acho que seja saudável para uma organização que se diz de direita. Mas, quem sou eu na direita para falar alguma coisa?

Então, primeiro, esse movimento amorfo de direita tem que querer ser ajudado e, no momento, eu sinto que ele não quer. Eu não tenho como ajudar. Eu vou ajudar os meus alunos. Eu criei o curso maior e mais completo curso sobre feminismo da América Latina. Eu tenho um pacote de masterclasses onde eu ensino sobre guerra semântica, militância, feminismo, aborto, ideologia de gênero. Eu tenho e-books para potencializar a argumentação, e eu tenho o Clube de Alta Cultura. Eu posso ajudar quem quer ser ajudado.

A pergunta que eu faço é: quando eu fui presa, jogada na cadeia, eu não tive ninguém de direita para me ajudar. As pessoas se afastaram, como se eu fosse uma leprosa. Hoje, as pessoas que são meus alunos, que me valorizam, são pessoas de outros países ou são brasileiros que realmente querem focar no desenvolvimento das virtudes, na vida para a transcendência, são pais e mães homeschoolers, são as pessoas que realmente são católicas praticantes.

Obviamente eu, sendo católica, por consequência sou uma pessoa conservadora. Votei no Bolsonaro, votarei no Bolsonaro, farei campanha para o Bolsonaro – claro que não na rua, segurando bandeira, essas coisas, porque hoje não é minha vontade isso. Mas não sou obrigada a sair na rua gritando “mito, mito” para obter aprovação da direita. Isso seria ridículo."

As mudanças na vida e o afastamento de personalidades de direita

Sara Winter: "Não fui eu que me afastei de algumas figuras da direita. Foram as figuras que se afastaram de mim quando eu fui presa. Por que eu tenho que ficar perto de pessoas que não querem ficar perto de mim? Eu sou um ser humano, eu tenho valor, eu sou uma pessoa de muito valor. Eu vou me aproximar de pessoas que querem se aproximar de mim, como os meus alunos. Eu discordo da opinião de que eu me afastei de alguns membros importantes do movimento conservador, porque eu tenho contato constante com o professor Olavo de Carvalho, com a esposa dele, com a Roxane.

Meus projetos sempre têm pessoas que são os maiores intelectuais conservadores do Brasil. João Malheiros é um grande intelectual e me elogiou bastante. O professor Olavo de Carvalho, todos os projetos que eu faço ele se envolve, graças a Deus, sempre me ajuda. É só dar uma olhada na lista de professores do Clube de Alta Cultura. Eu acho que eu me afastei de figuras mais polêmicas, como youtubers ou coisas assim, e procurei, na verdade, estar com pessoas que, primeiro, querem estar ao meu lado, que não têm vergonha de mim, que valorizam o meu trabalho, valorizam a minha amizade e que me ensinam e aprendem comigo.

Na verdade, minhas ideias conservadoras não mudaram. O que eu acho que as pessoas necessitam entender é que o meu estilo de vida não é o esquerdista ou o conservador. Ele é católico. Eu sou católica e a minha doutrina é católica. Eu pertenço à Santa Igreja Católica Apostólica Romana, e a minha vida se baseia em todos os ensinamentos da Igreja. Obviamente, a partir do momento em que eu sou católica, nunca mais as minhas posições vão mudar, independente se o presidente vai ser Bolsonaro, se as circunstâncias são estas ou aquelas, se o Lula vai estar no poder, isso não importa. Eu sou católica, e minhas convicções com relação a isso são muito fortes. A minha visão de mundo é essa. Uma visão católica, uma visão de defesa da família, de defesa da vida, de defesa da propriedade. A única coisa que mudou é minha maneira de atuação. Eu não quero mais fazer um ativismo e uma militância de rua. A minha militância agora é focada em tentar levar às pessoas o acesso ao conhecimento."

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