Atualizado às 11h04

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Com um olhar fixo e sinal de tristeza. Foi desta maneira que o coronel Ernani Lunardi, comandante do 20.º Batalhão de Infantaria Blindado, em Curitiba, assistiu à reportagem mostrada na noite de domingo pelo Fastástico, da Rede Globo. As imagens mostram um violento trote aplicado por veteranos aos "lobinhos", como são chamados os terceiros-sargentos recém-formados. As vítimas dos maus-tratos foram da 2.ª Companhia de Fuzileiros, conhecida como "Pantera".

A gravação mostra que eles receberam choques elétricos, chineladas nas plantas dos pés, foram temporariamente afogados com baldes d'água e tiveram a pele queimada com um ferro de passar.

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O programa da Rede Globo teve acesso ainda a fotos dos trotes praticados e, a partir delas, foram apurados os nomes completos das vítimas e de alguns dos responsáveis pelo trote. Três sargentos recém-formados aparecem nos vídeos: Edvaldo Rodrigues da Silva, Giovani Moscatelli e Marcelo Sales Correa.

De acordo com o vídeo, os torturadores são os sargentos Rafael Rosetti, Deyvison Chelis, um dos responsáveis pela filmagem; Maurício Schiavon Ramos, Sérgio Ferraz, o militar Medeiros e outros dois que não foram identificados pela reportagem.

Em Brasília, o comando do Exército, ao tomar conhecimento das irregularidades, condenou as práticas realizadas em Curitiba. Em nota oficial, o exército reconhece "a existência de imagens verídicas que envolvem militares do 20.º Batalhão de Infantaria Blindado" e informa que abriu sindicância para apurar os fatos e punir os responsáveis.

A sindicância, que vai ser conduzida por um oficial do exército do mesmo batalhão, vai apurar o que aconteceu no alojamento. Todos os sargentos envolvidos vão prestar depoimento a partir desta segunda-feira (14). Se as investigações concluirem que houve um crime, vai ser aberto um inquérito policial militar. O prazo para esta sindicância é de 20 dias e pode ser prorrogado.

GravaçãoA filmagem revelou que o trote começou no banheiro da companhia, após a leitura de um texto anunciando a punição, que dá a entender ser a prática antiga entre os fuzileiros. Em seguida, os novatos (chamados de lobinhos por seus superiores) foram imobilizados pelos veteranos.

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Alguns chegaram a ser amarrados. Um ferro de passar foi aplicado em suas orelhas, eles receberam choques na barriga e foram submetidos a sessões de afogamento.

Durante o trote, os sargentos eram obrigados a gritar pedindo socorro aos veteranos. Um dos torturados engasgou e começou a passar mal, sendo largado no chuveiro com uma cueca na cabeça. Outro entrou em pânico quando os veteranos ameaçaram encostar nele o ferro de passar. No fim, foi obrigado a dizer "eu amo os antigões" e a recitar o juramento da companhia:

"Respeitar os sargentos mais antigos, receber todas as missões passadas, pagar o churrasco sem ponderação. Não chorar para o subtenente. E se preciso for, derramar o próprio sangue em prol da tradição do pacote da 2 Companhia, Pantera Brasil!"

Pelo menos cinco novatos foram torturados. O vídeo da tortura no trote foi examinado por peritos em tecnologia e imagens e depois levado pelo "Fantástico" ao comando do Exército em Brasília, que, em nota oficial, reconheceu-as como verídicas e afirmou ter aberto sindicância para apurar os fatos e punir os responsáveis.

Veja as imagens chocantes da tortura.

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