(Folhapress e AE) A possibilidade de formação de um ciclone extratropical entre a noite de ontem e a manhã de hoje em Santa Catarina fez com que a Defesa Civil do estado recomendasse algumas medidas preventivas à população. As pessoas estão orientadas a evitar andar sob árvores de grande porte ou ficar perto de postes da rede de energia elétrica e abrigos de pontos de ônibus. De acordo com o serviço de meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina (Epagri), o ciclone vai atuar com mais força no Rio Grande do Sul, com rajadas que poderão chegar a 120 km/h. No litoral sul catarinense, os ventos devem chegar a 100 km/h e entre 60 a 70 km/h nas demais regiões do Estado. O litoral paranaense pode sofrer reflexos do fenômeno.
O maior perigo é para as embarcações. O mar vai ficar muito agitado, com picos de onda de 3,5 a 5 metros, ao sul de Florianópolis, com possibilidade de ressaca. No restante do litoral catarinense, a altura das ondas vai variar de 2 a 3 metros. No Rio Grande do Sul, a agitação da água deve se estender à Lagoa dos Patos, tornando a navegação de pequenas embarcações desaconselhável. O ciclone será provocado pelo deslocamento de um sistema de baixa pressão atmosférica da Argentina e Uruguai para a costa.
Tornado
Na noite da última segunda-feira, a zona urbana do município gaúcho Muitos Capões (a 290 km de Porto Alegre) foi afetada por um tornado. A chuva, o vento forte e o granizo danificaram ao menos 85 casas 21 delas ficaram destruídas e causaram ferimentos em 16 pessoas. Uma delas, uma mulher de 61 anos, permanece na internada em estado grave. Segundo estimativas da prefeitura, os prejuízos chegam a R$ 4 milhões. A cidade ficou 24 horas sem energia elétrica. As aulas estão suspensas até segunda-feira. A prefeita Mara Barcellos (PP) acredita que serão necessários quatro meses para reconstrução da cidade.
Alguns moradores descreveram ontem o drama que viveram. O casal Nei e Evandra da Costa só teve tempo de enrolar a filha Claudionara, de quatro anos, num cobertor e saiu da casa que havia construído há apenas quatro meses segundos antes de as paredes caírem. O dentista Alessandro Caprini olhava para o temporal da janela de seu apartamento quando viu ruir o consultório que iria inaugurar na semana que vem.
O borracheiro Tiago Ribeiro Pereira viu seu sogro ser jogado a alguns metros de distância pelo vento e a sogra sofrer ferimentos nas pernas ao ser atingida por uma parede. Os 300 desabrigados continuam hospedados em casas de parentes e amigos. "O coração de nossa gente é grande", descreveu a prefeita.
Muitos Capões e outros dez municípios do Rio Grande do Sul decretaram estado de emergência Barra do Quaraí, Santa Cecília do Sul, Tapera, Jacuizinho, Água Santa, Doutor Maurício Cardoso, Bagé Horizontina, Coronel Bicaco e Campos Borges. Outras oito cidades sofreram danos. Um total de 851.254 pessoas foram afetadas pelos danos (queda de luz, casas destelhadas e alagamentos).
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