Linha do Tempo - Atentados em SC
Quinta noite de ataques Domingo (3)
Na noite de anteontem (3), foram registrados dois ataques em Joinville, dois em Chapecó, e outro em São Francisco do Sul. Nesses atentados, bases da Polícia Militar foram de tiros e objetos arremessados por motociclistas, um ônibus teve a janela quebrada e outros dois incêndios criminosos foram registrados. Em Araquiri, uma sala da subprefeitura, onde também funciona uma base da PM, foi incendiada.
Quarta noite de ataques - Sábado (2)
No sábado (2), a casa de um policial civil em Criciúma foi alvo de três coquetéis molotovs e o incêndio foi contido por populares. Já no acesso à Maracajá, duas carretas foram incendiadas. Quatro ônibus também ficaram em chamas em São Francisco, Pomerodes, Criciúma e Joinville todos sem vítimas. Além disso, durante a madrugada, o prédio da prefeitura de Itajaí já havia sido alvo de tiros. Um carro que havia sido furtado em Comburiu também foi incendiado.
Terceira noite de ataques - Sexta-feira (1º)
Na ocasião, cinco ônibus foram incendiados em três municípios diferentes e com poucos minutos de intervalo entre uma ocorrência e outra. Naquele dia, bases da PM em Canasvieiras e Praia Brava também foram alvos de incêndios criminosos. Nenhuma das ocorrências teve vítimas.
Segunda noite de ataques - Quintaa-feira (31)
Outros cinco ônibus foram incendiados na última quinta-feira dessa vez com registro de vítimas. No norte da Ilha de Santa Catarina, um rapaz de 19 anos, cobrador de ônibus, foi internado em estado grave após ser agredido pelos incendiários do ônibus onde trabalhava. No mesmo dia, a delegacia de Camboriú foi alvo de explosivo caseiro feito com cano de PVC. Além disso, uma viatura da Coordenadoria de Trânsito foi incendiado de madrugada, quando estava estacionado no pátio da Secretaria Municipal de Segurança de Itajaí.
A primeira noite de ataques de 2013 - Quarta-feira (30)
A retomada da escalada de violência em Santa Catarina ocorreu por volta das 22h de quarta-feira (30), em Balneário Camboriú, onde um ônibus da empresa Expressul foi incendiado após dois homens armados, que usavam máscaras do filme Pânico, renderem o motorista. Na ocasião, um suspeito foi baleado e o outro preso. No mesmo dia, outros dois ônibus foram incendiados em Gaspar.
Em menos de três meses, Santa Catarina vive sua segunda onda de ataques contra prédios públicos, casas de policiais e ônibus. Ontem, o estado catarinense chegou ao sexto dia da escalada de violência com um total de 50 atentados em 16 municípios. Um suspeito morreu em confronto com a polícia e outros 18 foram presos.
Na noite de domingo, uma base da guarda municipal foi atacada por dois homens na cidade de São José, região metropolitana de Florianópolis. Houve troca de tiros entre os suspeitos e um policial militar. Um dos criminosos, atingido por um tiro na perna, foi preso após dar entrada em um hospital da cidade.
Causas
A motivação dos atentados ainda não esclarecida pela polícia, mas especula-se que os casos tenham como estopim um vídeo, gravado no último dia 18 no pátio do Presídio Regional de Joinville, no qual dezenas de presos, nus e rendidos, são alvos de balas de borracha e bombas de efeito moral disparados por agentes do Departamento de Administração Prisional (Deap).
Em nota, Ada Faraco de Luca, secretária de Estado da Justiça e Cidadania, disse estar chocada com as imagens do vídeo divulgado no último sábado pela imprensa catarinense. No texto, o governo informa que os agentes identificados foram afastados de suas funções até que o caso seja apurado.
Com informações do Diário Catarinense.
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Entrevista
Eduardo Guerini, cientista político, professor do programa de mestrado em Gestão de Políticas Públicas da Universidade do Vale do Itajaí (Univali)
"A violência contra sentenciados é generalizada no estado"
Raphael Marchiori, especial para a Gazeta do Povo
Quais são as causas para a retomada dos ataques?
Essa segunda onda é recorrência do mesmo problema [de novembro de 2012]: uma resposta do PGC [Primeiro Grupo Catarinense] às péssimas condições dos presídios e do impedimento da progressão da pena. Ambas ocorreram após denúncias de torturas, primeiro no Complexo Estadual de São Pedro de Alcântara e agora no Presídio Regional de Joinville.
Qual a origem do PGC?
O grupo é de 2003, uma derivação do PCC [Primeiro Comando da Capital, facção criminosa paulista]. A partir daí, Santa Catarina virou laboratório de crimes caixeiros [explosão de caixas eletrônicos], o PGC passou a controlar o tráfico de drogas e dar assistência às famílias de presos.
É possível afirmar que o tratamento dispensado aos presos do Presídio Regional de Joinville é uma prática comum nos demais presídios do estado?
Em maior e menor grau, a prática de abuso de poder, corrupção generalizada e violência contra sentenciados é generalizada.
Quais deveriam ser as estratégias adotadas pelo governo para conter os atentados?
O primeiro passo deveria ser integrar as polícias, o que é um problema político complexo e nacional. Além disso, há falta de investimento. Outro gargalo do sistema catarinense é o controle sobre a comunicação nos presídios, que ocorre livremente.
Essa nova onda de ataques está mais disseminada no estado do que a primeira. O governo disse que isso ocorreu porque o litoral está mais policiado. Essa explicação é factível?
Essa é uma explicação bastante factual. No verão, a orla catarinense sofre um impacto por mais policiais para atender turistas. Com maior intensidade, os atentados ocorreram nas regiões onde se prosperaram as torturas. No caso, agora é Joinville que mais sofre.
Qual o risco desse tipo de crime migrar para estados vizinhos?
Os riscos existem. As transferências para presídios de segurança produzem uma revolta ainda maior e aumentam a comunicação entre os grupos criminosos. De Joinville a Curitiba, por exemplo, já há uma comunicação. Além disso, o isolamento dos presos não existe por completo e a reprodução midiática dos ataques também produz esse efeito.
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