No dia em que a ponte Golden Gate, em São Francisco (EUA), completava 19 anos 12 de fevereiro de 1956 , a jornalista Juril Carnasciali publicava a primeira coluna "O que se passa na sociedade" na Gazeta do Povo. De lá para cá o Brasil mudou de capital, foi cinco vezes campeão mundial de futebol, enfrentou uma ditadura militar, cinco eleições presidenciais e mergulhou na revolução das telecomunicações. Ou seja, muita água rolou por debaixo da ponte, e em praticamente todos os domingos desde então a colunista esquadrinha quem é notícia no Paraná a partir da sua velha Remington, no seu apartamento, a uma quadra do jornal.
Não por acaso: a Gazeta do Povo e Juril Carnasciali são praticamente "irmãos" ela é filha do jornalista e advogado Oscar Joseph de Plácido e Silva, que em fevereiro de 1918 fundou o periódico junto com o advogado Benjamin Lins, seu professor na faculdade. Em 1962 a editora e o jornal foram vendidos para o jornalista Francisco Cunha Pereira Filho, que fez questão da permanência da colunista no quadro profissional da empresa.
A carreira de Juril no jornalismo começou em 1949, quando De Plácido e Silva, então à frente da revista Guaíra, a chamou para representá-lo nos compromissos sociais. "Papai recebia muitos convites, mas era um homem reservado, avesso a esses eventos, e me pedia para ir no lugar dele", relembra. "Até que durante um congresso de jornalistas, ele sugeriu que eu começasse a escrever sobre isso."
Mulher numa atividade predominantemente masculina e ainda por cima filha do diretor da empresa, enfrentou preconceito duplo no início da carreira. "Precisei conviver com a má-vontade dos próprios colegas, mas fui em frente graças ao incentivo do meu pai e do meu marido [o juiz auditor militar Arnaldo Westermann Carnasciali, já falecido]."
Do alto de 50 anos de janela na sociedade, ela afia a língua contra os "colunáveis" de hoje: "Todo mundo só quer aparecer, não há mais conteúdo, ética ou moral. Tanto que as famílias tradicionais preferem se preservar, evitam as colunas sociais", analisa.
A personalidade que ela mais gostou de ouvir na carreira foi o historiador Davi Carneiro. "Um intelectual brilhante, uma das pessoas mais inteligentes que eu conheci, dono de uma cultura invejável. Sem dúvida um dos maiores ícones do Paraná", resume. Entre os que nunca entrevistou, mas gostaria, Juril cita o escritor Joel Silveira. "Conheço e gosto muito dele, mas cada vez que eu vou ao Rio de Janeiro acontece alguma coisa e eu não consigo entrevistá-lo", lamenta.
Serviço: A Gazeta do Povo homenageia a colunista Juril Carnasciali amanhã, numa cerimônia para convidados, das 18 às 21 horas, no Castelo do Batel. Ela pede que flores e presentes sejam substituídos por uma doação à Associação Eunice Weaver do Paraná, entidade beneficente que ela preside há 33 anos.
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