Londrina - O governador Roberto Requião (PMDB) afirmou na manhã de ontem, em Londrina, que não aceitará nenhum movimento de greve dos policiais civis e dos agentes penitenciários no Paraná. Requião foi enfático ao dizer que em caso de paralisação todos os servidores serão demitidos. "Isso não é uma ameaça, é um fato. Se houver greve, mando todos embora e abro rapidamente um concurso. Garanto que tem muitas pessoas querendo trabalhar", afirmou.
Durante entrevista coletiva, o governador disse que não há negociação e qualquer paralisação é "inconcebível". De acordo com Requião, os agentes penitenciários "ficam fazendo estripulias de greve", enquanto ele melhorou a remuneração da categoria depois que assumiu o governo. "Quando tomei posse as penitenciárias estavam privatizadas e os agentes ganhavam R$ 550. Rompi todos os contratos e realizei concurso com salário inicial de R$ 2.550 e na carreira um agente pode ganhar até R$ 5.312. É o melhor salário do Brasil e não há diálogo", disse.
O governador ironizou a proposta dos agentes penitenciários de mudar a atual escala de 12 horas por 36 horas, para 24 horas por 72. Requião disse que essa proposta é "uma brincadeira". Ele argumentou que nenhum agente trabalha as 24 horas do dia. "O que eles querem é trabalhar dois dias e folgar cinco. Isso dá sete dias por mês e a população paranaense não vai tolerar isso. Por isso, se fizerem greve, vão para a rua", afirmou.
Requião ainda disse que não vai autorizar o porte de arma dos agentes penitenciários. Segundo ele, o governo "não vai colocar uma arma na cinta de cada servidor" e a segurança da categoria é feita pelas polícias Civil e Militar. Na terça-feira, os policiais realizaram um dia de paralisação em todo o Paraná e prometem decidir em 15 dias se iniciam ou não uma greve.
Sindicatos
O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), Clayton Agostinho Auwerter, afirma que a ameaça de demissão não impedirá a paralisação. Ele disse que o departamento jurídico está tentando derrubar a liminar da Justiça que impediu o início da greve no último dia 21. "Assim que conseguirmos derrubar essa liminar, vamos parar. Não há como o governador demitir os agentes, pois somos servidores estaduais e a greve é legal", disse. Auwerter também lamentou o posicionamento do governo de não cumprir uma lei federal que autoriza o porte de armas aos agentes. Segundo ele, as declarações de Requião mostram que "o governador não entende nada de lei".
O presidente do sindicato também rebateu as declarações de Requião em relação à escala de trabalho proposta pela categoria. De acordo com ele, ela não alterará a quantidade de horas trabalhadas pelos agentes. "Com a carga de 12 por 36 horas trabalho 168 horas mensais com duas folgas por mês. A escala 24 por 72 horas, com uma folga mensal, manterá a mesma carga de trabalho", concluiu.
O presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis (Sinclapol), André Luiz Gutierrez, disse que a categoria só está cobrando a promessa do próprio governador de estruturar a carreira dos agentes no estado. Gutierrez disse que poderá acionar o jurídico se houver assédio moral por parte de chefes.
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Londrina e Região (Sindipol), Ademilson Alves Batista, disse que o sindicato encaminhará hoje um comunicado para a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) para marcar uma audiência.
Para exemplificar a defasagem, o sindicato usou como exemplo a remuneração dos futuros guardas municipais de Londrina, que terão salário inicial de R$ 1,7 mil e exigência de ensino médio, enquanto para ser investigador ou escrivão é preciso ter ensino superior e o salário inicial é R$ 1,9 mil.