Ouvido por três peritas e uma assistente da União para uma avaliação psicológica, a pedido da Justiça Federal, o menino Sean — disputado na Justiça por seu pai, o americano David Goldman, e pelo padrasto, o brasileiro João Paulo Lins e Silva — disse sete vezes que prefere ficar no Brasil a voltar para os Estados Unidos.

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Ocorrida no último dia 3 de março, a entrevista durou cerca de três horas e foi gravada, com autorização dos participantes, por uma assistente técnica indicada pelo réu, João Paulo.

A assistente técnica, que é psicóloga, chamou um tabelião para transcrever o conteúdo da entrevista, que foi registrado no 13º Ofício de Notas. O que será analisado pelo juiz da 16ª Vara Federal, no entanto, é o laudo das peritas, entregue no início da semana passada, assim como as avaliações psicológicas de David, João Paulo e da avó materna, Silvana Bianchi.

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O processo de posse e guarda do menino — cuja mãe, Bruna Bianchi, morreu em 2008, quatro anos depois de ter trazido o filho para o Rio, com autorização de David para uma viagem de férias —, corria numa vara de família do Rio, mas foi parar na Justiça Federal por intervenção da Advocacia-Geral da União (AGU), acionada pelo ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, com base na Convenção de Haia, que trata do sequestro internacional de crianças. De posse dos laudos, o juiz decidirá se o caso fica onde está ou volta para a vara de Família, onde João Paulo reivindica a guarda definitiva do enteado.

No documento de 17 páginas, o menino, que completa 9 anos em maio, afirma: "Prefiro morar aqui, mas o juiz é que manda. Se eu for para lá vou começar a endoidecer. É que eu gosto muito daqui e eu ia começar quebrando tudo lá, querendo voltar para cá... que nem um maluco." O menino, que diz ter "3 ou 4 psicólogas", conta que viajou com João Paulo em outubro do ano passado e não encontrou o pai (que tinha autorização judicial para vê-lo naquela data) porque já tinha uma viagem marcada com o padrasto, "desde 2007".

O advogado de David no Brasil, Ricardo Zamariola Junior, diz que não tem conhecimento do documento e prefere não se manifestar. A avó materna do menino, Silvana Bianchi, critica a abordagem ao neto durante a entrevista. "As pessoas não têm dó de uma criança de 8 anos, que tinha acabado de perder a mãe". "A gente tira de letra, porque é adulto, mas com uma criança é covardia."