Guapirama – Os reflexos da estiagem prolongada deste ano estão deixando cerca de 40 famílias dos bairros Jotapê, Albano e Pedra de Fogo, em Guapirama, no Norte Pioneiro, sem água potável para consumo. A falta de chuva praticamente secou as minas e poços das localidades. O caso é mais grave porque não existe rede de água na região. Além disso, os dois poços artesianos que serviriam para amenizar o problema ainda não possuem as ligações que levariam a água até as casas.

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Sem saída, os moradores – a maioria crianças e idosos – estão recorrendo a um açude com água salobra, de péssimo gosto e que pode já ter sido responsável por um surto de rotavírus nas localidades. Essa água está sendo usada para beber e cozinhar. Para lavar roupa e tomar banho, a maioria dos moradores está usando a água barrenta de uma pequena represa que fica entre os bairros, que também serve para matar a sede do gado.

O movimento de pessoas carregando baldes e galões com água nos dois reservatórios é constante. "Quem tem dinheiro busca água na cidade, quem não tem bebe o que está aí", diz o pequeno produtor rural Pedro de Oliveira Cubas, 75 anos. Ele mora na região há 57 anos e nunca passou por uma situação igual.

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Muitas pessoas até já se acostumaram a consumir a água salobra do açude. É o caso de Vanessa Conceição Soares, 21. Ela diz que o seu organismo já se adaptou. "Estou há mais ou menos três anos esperando a água chegar em casa. Foi sempre assim e, neste ano, estamos consumindo essa água de gosto horrível", conta.

Com a saúde comprometida, o produtor Alicio Soares, 57 anos, está há quatro meses buscando água com baldes. "São cinco viagens por dia, para um percurso de 500 metros", detalha. "A vida aqui está difícil", completa.

De acordo com o gerente regional da Sanepar, em Santo Antônio da Platina, Marcos Antonio de Carvalho, o problema de Guapirama está sendo registrado em várias outras regiões do estado. Segundo ele, o problema não é a falta de chuva e sim a falta de chuva com regularidade. "Chove muito em um único dia. Num volume que seria suficiente para o mês inteiro. Só que o lençol freático não absorve toda essa água, que vira enxurrada. O certo seria que a chuva fosse regular durante vários dias, aí estas nascentes teriam condições de serem recarregadas", explica.

O prefeito de Guapirama, Eduí Gonçalves (PMDB), disse que a prefeitura ainda não fez a ligação entre os poços artesianos devido a problemas burocráticos que envolvem os recursos do programa Paraná 12 Meses. Ele garante que já cobrou do secretário de Agricultura, Orlando Pessuti, uma solução para o problema.