Os dados do Instituto Tecnológico Simepar ainda não estão fechados, mas, ao que tudo indica, a seca que atinge o Paraná este ano é a mais severa desde que o instituto começou a medir os índices pluviométricos (quantidade de chuva) no estado, em 1997. De acordo com o Simepar, a média histórica de chuvas na região de Curitiba durante o mês de junho varia de 60 a 100 milímetros. No mês passado, o número não passou de 28 mm. "O inverno está sendo seco, mas o outono [que terminou em junho] foi o grande complicador", diz o meteorologista Lizandro Jacobsen. Este mês, até agora, o índice pluviométrico é de 27 mm, quando a média histórica vai de 49 a 101 mm.

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Essa falta de chuvas se reflete no nível das barragens que abastecem Curitiba. A barragem do rio Iraí, responsável por cerca de 45% do abastecimento da capital, foi inaugurada em 2001. Em 2003, uma estiagem prolongada fez o nível d’água na barragem ficar 2,89 metros abaixo do normal. Ontem, no Iraí, a água batia na marca dos 3,46 metros negativos – com apenas 33,3% de seu volume máximo, que é de 58 milhões de metros cúbicos. A Companhia Paranaense de Saneamento (Sanepar) informa que vem mantendo desde segunda-feira o reservatório do Iraí fechado, confirmando o rodízio no uso das barragens.

A segunda barragem mais importante para o abastecimento dos curitibanos, em Piraquara, ontem estava com 54,9% de seu volume total, que é de 23 milhões de metros cúbicos. É mais da metade, mas a conta que preocupa é a soma dos reservatórios do Iraí e de Piraquara. Somados, eles estão com apenas 39,41% de seu volume. Há duas semanas, esse porcentual era 42,48%. De acordo com a Sanepar, quando o número chegar a 30% o racionamento vai ocorrer. "Se não chover, devemos atingir esse limite em 15 dias", diz o gerente de produção da Sanepar, Paulo Raffo.

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A companhia informa também que sua campanha, lançada há um mês, para a economia de água por parte da população não surtiu o efeito esperado. Até ontem, registrava-se uma redução de 8,44% na redução do consumo. "Com os 20% de economia, chegaríamos até setembro, quando as chuvas são mais abundantes, sem racionamento. Agora isso parece impossível", lamenta Raffo. Na segunda-feira, os técnicos da Sanepar reúnem-se para avaliar a situação das barragens e a redução de consumo da população. Dependendo dos resultados, pode-se decidir pelo racionamento.

De acordo com o Simepar, só há possibilidade de chuva na semana que vem. "Na capital, pode chover na próxima terça-feira. Mesmo assim, são precipitações irregulares e mal-distribuídas", analisa Jacobsen. Enquanto isso, não são apenas as barragens que abastecem Curitiba e região que têm seu nível reduzido. A Represa da Vossoroca, que alimenta a Usina Hidrelétrica de Chaminé, em São José dos Pinhais, por exemplo, está com 40% do volume do reservatório.