O número de municípios do Rio Grande do Sul em situação de emergência subiu para 173, devido à forte estiagem no estado, que vem desde o início do ano. A partir de segunda-feira, 21 cidades do estado vão suspender os serviços públicos por uma semana, inclusive as aulas nas escolas, por conta da falta d'água. Só serão mantidos atendimentos de saúde e recolhimento de lixo.
De acordo com a Defesa Civil estadual, mais onze municípios decretaram estado de emergência nesta terça-feira: Catuípe, Charrua, Gentil, Marcelino Ramos, Nova Alvorada, Nova Ramada, Novo Tiradentes, Paim Filho, Salto do Jacuí, São Jorge e Tunas.
A imagem da terra rachada pela falta de chuva, tradicionalmente, remete ao sertão nordestino. Mas tem se tornado comum nos campos gaúchos.
Em Erechim, no norte do estado, a barragem que abastece a cidade está 3 metros abaixo do nível normal. A população enfrenta o terceiro dia de racionamento, com 14 horas de torneiras secas, seguida do mesmo período com água. O solo está rachado. O custo de manutenção de um caminhão-pipa para abastecer a população chega a R$ 11 mil por dia.
Em Unistalda, que decretou emergência no dia 2 de janeiro, 70 famílias de três localidades do interior já não têm mais água nem para beber. Um carro-pipa está fazendo a distribuição duas vezes por dia. As perdas na agricultura aumentam e só a quebra na lavoura de milho já atingiu 70%. A produção de fumo também já teve perdas de 70%.
Em Itacurubi, também foi adotado racionamento de água. Desde o início de abril, o abastecimento é cortado durante seis horas por dia. A prefeitura estima que cerca de 300 famílias dependam da água distribuída pelo carro-pipa para sobreviver. Situação semelhante acontece em Tupanciretã, onde a água também chega em caminhão-pipa.
Moradores de Porto Alegre reclamam de cheiro e sabor ruins na água que abastece a cidade. O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) iniciou tratamento para combater a situação. O problema também é causado pela estiagem. A falta de chuva e de ventos, aliada à poluição, está ajudando a aumentar a quantidade de algas no Guaíba, que ficou com água esverdeada. Nas torneiras, a água jorra com mau cheiro e o gosto ruim. O Guaíba é responsável por 96,4% da água bruta consumida na capital gaúcha. Para diminuir o impacto das algas na água que chega aos moradores, o Dmae está aplicando peróxido de hidrogênio e carvão ativado.
Agricultores gaúchos se reúnem nesta quarta com representantes do Ministério da Agricultura e da Secretaria-Geral da Presidência da República para pedir um plano de socorro. Eles querem prorrogação por 90 dias dos contratos de financiamento com vencimento neste mês e o pagamento de um salário mínimo por seis meses às famílias afetadas, cerca de 250 mil.
- Temos municípios onde as vacas estão morrendo por falta água e de comida. O agricultor não terá condições de pagar o financiamento, a não ser que se desfaça de terra, do maquinário e dos animais - disse Altemir Tortelli, coordenador-geral da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf-Sul).Santa Catarina também sofre com estiagem
Em Santa Catarina, após quatro meses com chuva abaixo da média, 94 municípios do Oeste, Meio-Oeste, Planalto Norte e Serra já decretaram situação de emergência por causa da seca. O último levantamento apontava 83 municípios em situação de emergência.
De acordo com os dados da Defesa Civil Estadual, os 94 municípios têm uma população de 1,038 milhão de pessoas, o equivalente a 18% do total de 5,8 milhões de habitantes registrados pelo IBGE em Santa Catarina no último censo de 2007.
O déficit hídrico no ano é de 280,1 milímetros, o que representa 42,2% a menos do que o normal.
O governador Luiz Henrique da Silveira anunciou medidas que serão tomadas para minimizar o impacto da seca em Santa Catarina, principalmente na região Oeste. Entre elas está o envio de um projeto de lei à Assembleia Legislativa pedindo a isenção, para os produtores que moram em municípios que decretaram situação de emergência, do pagamento da taxa de licenciamento para perfuração de poços.
O governo do Estado também vai liberar R$ 1 milhão para as secretarias de Desenvolvimento Regional (SDRs) e a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) para a contratação de empresas que irão distribuir água nas propriedades rurais.
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