A falta de chuvas tem aumentado a dependência do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul da energia elétrica repassada pelas regiões Sudeste e Centro-Oeste. De acordo com a engenheira do Centro de Operações do Sistema Copel, Cristhina Courtouke, 65% do consumo do estado está sendo garantido por 5,2 mil megawats diários oriundos das regiões vizinhas. Outros 15% da demanda da região provêm de usinas térmicas a carvão, e apenas os 20% restantes são fornecidos pelas hidrelétricas locais.
Há dez dias, a utilização da energia "importada" batia na casa dos 60%.
A interligação do sistema elétrico foi adotada no Brasil na década de 70. O sistema permite o repasse de energia de regiões com mais chuva para áreas que estejam enfrentando estiagem. É o que vem evitando um racionamento de energia nos estados do Sul. De acordo com informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os níveis pluviométricos no Sudeste,Centro-Oeste e Norte do país garantem o atendimento da demanda do Sul.
O ONS não estima uma data-limite para a continuidade das transferências, mas trabalha com a possibilidade de que chova no Paraná até sexta-feira. O Simepar confirma que pode chover entre quinta e sexta-feira (veja matéria abaixo).
De acordo com Cristhina, em outras ocasiões o Paraná já fez o caminho inverso, ou seja, já forneceu energia para outros estados. "Quando começa um período de estiagem, é normal uma transferência de mil a dois mil megawatts de região para região. Mas devido à gravidade da nossa situação, estamos tendo picos de transferência de até 5,6 mil megawatts."
Apesar de não haver risco de racionamento, a Copel tem mostrado preocupação com a possibilidade de um apagão, em virtude de uma sobrecarga no sistema, já que a quantidade de energia que o Sul recebe de fora está em cerca de 5 mil MW por dia, muito próximo do limite de trasmissão e de consumo, situado entre 7 mil e 8 mil MW. Para evitar problemas, a Copel tem promovido a troca de disjuntores e outros ajustes técnicos.
Por enquanto, o Operador Nacional do Sistema tem orientado as usinas paranaenses a contribuírem com um porcentual mínimo de energia. De acordo com o ONS, o nível mínimo de água para que as usinas possam operar com segurança é 13% da capacidade dos reservatórios. Na bacia do Iguaçu, onde estão as principais hidrelétricas paranaenses (a energia de Itaipu pertence ao subsistema Sudeste), o índice de armazenamento é de 19%. "É um número bem baixo", ressalta Cristhina. A situação é especialmente dramática na usina de Salto Santiago, em Rio Bonito do Iguaçu. Com capacidade para armazenar até 6.753 quilômetros cúbicos, a hidrelétrica está operando com 11,6% desse total. "Se chegar a 10% tem que parar tudo. É um nível em que se processa barro."
Paralelamente à estiagem, a Copel trabalha para elevar a capacidade de produção no estado. Até o fim do mês, a hidrelétrica de Fundão deve estar pronta, com uma capacidade de 120 MW. Além disso, o ONS solicitou à Copel que acelere a entrada em operação da usina a gás UEG, em Araucária.
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