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Ao assumir a pasta, Ana Seres pediu um voto de confiança e fez um apelo aos professores e servidores em greve para que o diálogo fosse restabelecido | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Ao assumir a pasta, Ana Seres pediu um voto de confiança e fez um apelo aos professores e servidores em greve para que o diálogo fosse restabelecido| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

A professora Ana Seres Trento Comin assumiu nesta quarta-feira (6) a Secretaria de Estado da Educação (Seed), depois que Fernando Xavier Ferreira pediu para sair da secretaria por razões pessoais. A nova secretária, que já atuava na pasta como superintendente há 40 dias, reconheceu que o momento é delicado, mas disse acreditar ser possível resolver o embate travado com professores e servidores da rede estadual de educação e encerrar a paralisação que já dura 13 dias com diálogo.

Data base

Em relação à discussão sobre a data base da categoria – razão alegada para a continuidade da paralisação – Ana Seres declarou que a definição do reajuste salarial não diz respeito apenas à Seed. “Acredito que chegaremos a um consenso e a um percentual de acordo com as necessidades dos trabalhadores e com as possibilidades que o estado encontra nesse momento”, disse.

“Vamos conversar, estabelecer as regras em conjunto e fazer um planejamento para retomar as atividades do ano letivo para conclui-lo de acordo com a legislação, com 200 dias de aulas. Expus ao governador a necessidade de restabelecer o canal de comunicação com todos os segmentos da educação”, disse.

60% em quatro anos

O governo do Paraná defende que nos últimos quatro anos este foi o reajuste concedido aos professores. Um total de 23%, segundo o órgão, correspondeu à equiparação salarial dos docentes com os demais técnicos de nível superior do Poder Executivo. Atualmente, o salário inicial dos professores é de R$ 2473,22 por 40 horas semanais, com complemento de R$ 721,48 de auxílio-transporte, o que soma R$ 3.194,70. A remuneração média dos professores no estado é de R$ 4 mil mais o auxílio-transporte.

A primeira medida tomada pela secretária foi solicitar ao governador Beto Richa que as faltas dos professores e servidores em greve não fossem lançadas na folha de maio. “Pedi ao governador que reconsiderasse. Não significa que elas não serão lançadas posteriormente. Mas nesse momento, o lançamento está suspenso. Discutiremos e pode ser que haja negociação”, afirmou.

Ana Seres também pediu um voto de confiança e fez um apelo aos professores e servidores em greve para que o diálogo fosse restabelecido para que os alunos não fossem prejudicados e “para que a educação do Paraná não fique ainda mais fragilizada.”

Reposição

Professores querem 13,01%

Em greve desde a última semana, os professores mantiveram a paralisação nesta terça-feira (5) até que seja discutido o reajuste a ser concedido na data-base da categoria. Anualmente, o valor do aumento nos salários é discutido em maio. O governo ainda não sinalizou quanto pretende oferecer. A APP Sindicato, no entanto, já informou que deve solicitar 13,01% de aumento, valor aplicado ao piso nacional salarial dos professores em janeiro pelo governo federal.

De acordo com a secretária, a maior preocupação da pasta é a reposição das aulas e a conclusão do ano letivo sem prejuízo aos alunos, principalmente àqueles que concluem o ensino médio em 2015 e prestam vestibular e Enem no fim do ano. Ela garantiu que a pasta empreenderá todo o esforço de negociação e readequação do calendário escolar para que os 200 dias letivos e 800 horas de aula sejam cumpridos até o prazo máximo de 23 de dezembro.

Evasivas

A secretária evitou perguntas sobre as motivações da nova paralisação. “Esse segundo momento ficou bem caracterizado pela discussão sobre a previdência. Todas as outras reivindicações da primeira greve foram atendidas e não estavam na pauta dessa paralisação. Acho que se a pauta era uma e agora mudou, é preciso fazer uma análise do porquê”, declarou.

Para readequar o calendário escolar à primeira greve da educação, que durou 29 dias, uma semana do recesso escolar de julho foi comprometida. A Seed prevê que, com o déficit de aulas resultante da nova paralisação, a semana de recesso restante também será utilizada para reposição de aulas – mas isso, destacou a secretária, as aulas têm de ser retomadas até a próxima segunda-feira (11). Se a paralisação se estender, a alternativa será programar aulas aos sábados.

Sem otimismo

De acordo com Hermes Leão Silva, presidente da APP-Sindicato, entidade representante de professores e servidores da educação estadual, a categoria espera que a nova secretária empreenda esforços para reorganizar o que ele chama de “caos na educação”. Silva afirmou ainda não conhecer muito sobre a atuação de Ana na educação, mas reconheceu que a vivência escolar é um diferencial positivo. “Esperamos que ela seja porta-voz das dificuldades da educação. Mas estamos muito desencantados com o governo. Não dá para dizer que estamos otimistas com a escolha. Precisamos de uma demonstração primeiro”, disse. Ainda segundo Silva, a APP já solicitou uma reunião com a secretária para discutir a pauta da greve. (CP)

“Se meus colegas professores ouvirem meu apelo, é possível concluir o ano letivo dentro do prazo. Não gostaria de recorrer às aulas aos sábados por causa do transporte escolar, que é feito pelos municípios. Muitos alunos podem ser prejudicados. A secretaria também não gostaria de programar o calendário letivo até janeiro porque é o mês de férias dos professores”, disse.

Ainda de acordo com Ana Seres, muitos professores e unidades escolares não aderiram à greve e não precisariam repor a mesma quantidade de aulas que outras escolas. O objetivo da secretária é fazer um levantamento do cenário nos 32 núcleos regionais de educação para definir a reposição de acordo com cada situação encontrada. “Algumas escolas vão encerrar o ano letivo antes. Mas o maior desafio é capacitar os alunos concluintes a tempo para as provas de vestibular e Enem.”

De acordo com Hermes Leão Silva, presidente da APP-Sindicato, entidade representante de professores e servidores da educação estadual, a categoria espera que a nova secretária empreenda esforços para reorganizar o que ele chama de “caos na educação”. Silva afirmou ainda não conhecer muito sobre a atuação de Ana na educação, mas reconheceu que a vivência escolar é um diferencial positivo.

“Esperamos que ela seja porta-voz das dificuldades da educação. Mas estamos muito desencantados com o governo. Não dá para dizer que estamos otimistas com a escolha. Precisamos de uma demonstração primeiro”, disse. Ainda segundo Silva, a APP já solicitou uma reunião com a secretária para discutir a pauta da greve.

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