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Vilipêndio

Prefeitura do Rio promete retirar “Virgem Maria trans” de exposição após carnaval

Prefeito do Rio, o bispo da Igreja Universal, Marcelo Crivella, pediu o recolhimento de ilustração com beijo gay e cancelou peça em que Jesus é representado por um travesti; mas não houve nenhuma menção à obra que satiriza a Virgem Maria. (Foto: Reprodução)

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Depois da repercussão do caso e da pressão de alguns deputados e vereadores ligados à Igreja Católica, o secretário de Cultura do município do Rio de Janeiro, Adolfo Konder, anunciou, na noite de domingo (23), que uma peça em exposição no Centro Cultural Hélio Oiticica (administrado pela prefeitura), que traz uma imagem da Virgem Maria com um seio desnudo e com um pênis, seja será retirada da mostra por representar vilipêndio à fé cristã.

A prefeitura havia visitado a exposição na última quinta-feira (20) e, apenas, readequado a classificação etária da mostra, que subiu de 10 para 16 anos. Agora, o secretário promete que, na reabertura do espaço cultural, após o feriado de carnaval, a obra não estará mais em exposição. “Recebemos a informação de que uma das obras de arte em exposição no Centro Cultural Hélio Oiticica estava ofendendo a fé cristã. Fomos ao local e constatamos vilipêndio. Como a exposição está fechada, o artista será oficiado antes que reabra”, disse o secretário, em vídeo divulgado nas redes sociais.

"A obra, “Todxs xs santxs – renomeado – #eunãosoudespesa” faz parte de uma série que fala sobre o HIV. O artista, o paulista de 25 anos Órion Lalli é soropositivo e militante da causa LGBTI. Ao jornal O Globo, ele disse que não há nenhum interesse de sua parte em atacar nenhuma religião ou a fé, mas que quis usar as imagens para falar sobre corpos, sexo e HIV. “Quero apenas deixar uma reflexão imagética sobre ícones, falar dessas imagens que povoam e atravessam o nosso imaginário e que de certa forma moldam a nossa maneira de pensar”, disse."

O secretário alegou ainda que a obra foi exposta em um espaço da Secretaria porque foi selecionada na gestão anterior. “Gostaria de salientar que a Secretaria Municipal de Cultura abriga as mais diversas expressões culturais e artísticas, mas não podemos admitir nada que promova intolerância e ofensa ao sentimento religioso de qualquer credo. Essa exposição foi aprovada por um curador na gestão anterior à nossa. Lamentamos profundamente o ocorrido e me solidarizo com as pessoas que se sentiram ofendidas”, concluiu.

O deputado estadual Márcio Gualberto (PSL), que oficiou a prefeitura pedindo a retirada da obra de exposição, elogiou o “bom senso da prefeitura”, mas afirmou que, mesmo com a peça retirada, irá ingressar com notícia-crime contra o autor. “O crime de vilipêndio foi reconhecido pela prefeitura. Seguiremos com a notícia crime, para que o erro seja reparado”, afirmou.

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