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A secretária-adjunta de Recursos Hídricos de São Paulo, Mônica Porto, disse em palestra na manhã desta quarta-feira (18) que o governo não trabalha com a possibilidade de haver um colapso no sistema de fornecimento, sendo colapso uma situação que comprometa o atendimento a serviços essenciais e necessidades básicas da população. “Hoje, a gente não trabalha com a hipótese de colapso, de jeito nenhum”, afirmou.

A jornalistas, depois do evento, Mônica explicou que a perspectiva do governo é que a situação do fornecimento se mantenha como está ao longo de 2015 - sem racionamento oficial, mas com o sistema que o governo chama de controle da pressão na água, que na prática significa cortes no abastecimento de bairros e cidades na região metropolitana. A previsão do governo de “equilíbrio”, segundo Mônica, está baseada em contas. “Com o estoque que temos de água, com a economia que está sendo feita pela população, se a seca de 2015 repetir 2014, que já foi uma seca alarmante, e com as obras que já estão em andamento, o sistema se mantém equilibrado. Pode furar? É pouco provável”, explicou Mônica.

Braço direito do secretário Benedito Braga, Mônica fez uma defesa veemente da argumentação do governo, de que a estiagem era imprevisível e o governo está tomando as medidas adequadas. Ela mostrou um relatório do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE) de outubro de 2013 que apontava para uma temporada chuvosa em 2014 com 40% de chances de ficar dentro do normal e 35% de possibilidade de ficar acima do normal, ou seja, 75% de chance de ter um bom patamar de chuvas. “A razão essencial da crise é a falta de chuva”, defendeu. “Isso não é verdade, não é verdade”, bradou sobre as argumentações de que havia há anos alertas sobre a estiagem que estava por vir.

Ela defendeu ainda que o governo veio tomando medidas nos últimos anos para aumentar a segurança hídrica do sistema de abastecimento, com o projeto para a bacia do São Lourenço, mas que a administração estadual também não pode colocar o pé no acelerador e investir um volume expressivo sem ter tido uma previsão da seca. Mônica relatou que, quando da criação do Sistema Cantareira, a Sabesp foi processada por mau uso do dinheiro público.

“Como você se prepara para algo que você não conhece? Como fazer investimentos excessivos quando o cobertor é curto? Eu vou tirar dinheiro da onde? Da saúde, da educação? Essa crise é a mesma coisa que aconteceu na Califórnia, na Austrália e a gente não pode dizer que esses países sejam países sem planejamento”, argumentou.

A secretária-adjunta foi questionada pela plateia que acompanhava a palestra na Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental de São Paulo (ABES-SP) sobre sua argumentação de que era difícil prever a seca no Sudeste. Ela disse então que a discussão da razão da crise é inócua e procurou ressaltar as lições que estão sendo tiradas do quadro atual, como a importância de aumentar a segurança do sistema, de pensar incentivos financeiros para a economia de água - como o bônus na conta - e de haver uma gestão integrada. Mônica destacou na apresentação que programas de mananciais dependem do diálogo com a Prefeitura, que regula a ocupação fundiária e fiscaliza ocupações irregulares de território.

A secretária-adjunta citou ainda projetos que estão sendo estudados pela Secretaria de Recursos Hídricos, como a mudança em sistema de descargas de vasos sanitários, sistemas de irrigação mais inteligentes para a agricultura e o incentivo de uso de cisternas em estabelecimentos comerciais como supermercados.

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