A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) do Rio informou, em nota na tarde desta sexta-feira (17), que o goleiro Bruno não tentou o suicídio "em nenhum momento que esteve acautelado" em unidades prisionais do estado. A informação foi dada ao juiz por Macarrão, amigo do atleta, durante audiência no fórum de Jacarepaguá, na Zona Oeste da capital fluminense.
Eles respondem por sequestro e lesão corporal de Eliza Samudio em outubro do ano passado e estão presos no presídio de Bangu 2.
Ainda de acordo com a secretaria, "o preso em questão passou por uma avaliação psiquiátrica, procedimento padrão adotado pela Seap. Após essa consulta foi diagnosticado um quadro de depressão e a indicação foi que o preso não ficasse completamente isolado.
A partir desse laudo médico, Bruno Fernandes das Dores de Souza passou a dividir a cela com o interno Luiz Henrique Romão. Esse procedimento foi adotado uma vez que seria impossível que o interno em questão dividisse a cela com outros presos da unidade".
Bruno e Macarrão voltaram ao Rio depois de mais de um mês presos em Minas Gerais por causa de outro inquérito, que apura a morte de Eliza.
'Bruno tentou se matar várias vezes', diz Macarrão
Os dois se recusaram a falar sobre o crime durante a audiência. No entanto, após a saída de Bruno da sala, Macarrão pediu a palavra ao juiz e disse não estar mais aguentando a situação.
"Estamos presos há 70 dias e Bruno já tentou se matar várias vezes. É só isso o que tenho pra dizer. O que tinha pra falar, eu já disse na delegacia", resumiu o amigo do goleiro. As informações foram passadas pela assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Rio.
Bruno e Macarrão estão presos desde julho por outro crime. Eles também são réus no processo que investiga a morte de Eliza Samudio na Justiça de Minas Gerais. Eles vão responder na Justiça por homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado, ocultação de cadáver e corrupção de menor. Eles negam o crime. As penas podem ultrapassar 30 anos. A jovem falou pela última vez com parentes e amigas no início de junho.
Macarrão impediu goleiro de cometer suicídio, diz advogado
O advogado dos dois, Ércio Quaresma, afirmou que só soube das tentativas de suicídio de Bruno horas antes da audiência, por Macarrão. Segundo o advogado, o goleiro e o amigo estão presos na mesma cela e Macarrão foi quem impediu Bruno de se matar.
"Se ele tinha aparência de tranqüilidade de antes das acusações, essa tranqüilidade não existe mais. Este é o nono desmaio que ele sofre desde que foi preso. Macarrão o pegou fazendo uma teresa (uma espécie de corda com tecidos ou roupas amarrados) para se enforcar", contou Quaresma, que afirmou que vai pedir a assistência de um psiquiatra para o atleta na prisão.
Autógrafo
Antes de Bruno e Macarrão se negarem a falar em juízo nesta sexta, os depoimentos das testemunhas de defesa duraram 1h40.
Entre os depoimentos mais curtos está o de Zico, que que teve contato com Bruno por apenas 10 dias e que ele apresentava uma conduta normal.
A audiência contou com um momento tietagem: após receber a palavra do juiz, que havia liberado Zico para perguntas, o promotor Eduardo Paes pediu um autógrafo do ídolo do Flamengo.
Mesmo se absolvido, Bruno não jogará mais pelo Flamengo
Já Patrícia Amorim afirmou, entre outras coisas, que Bruno está com o contrato suspenso aguardando o final dos processos a que ele responde na Justiça, mas que, mesmo se for absolvido, ele não voltará a jogar pelo Flamengo.
"Passei ater contato com o Bruno quando assumi (a presidência do Flamengo), em janeiro. (Ele) Sempre cumpriu as determinações do clube, mas quando fazia alguma coisa errada, eu o advertia pessoalmente, como fiz no caso daquele entrevista (em que fala pergunta quem nunca bateu em mulher). Ele era o capitão do time e, nessa posição, era o porta-voz da diretoria para falar com os outros jogadores. Quando alguém tinha que ser advertido era ele que falava com os jogadores."
Festas tinham pessoas nuas, diz jogadorO goleiro do Flamengo Paulo Victor também prestou depoimento nesta sexta. Ele afirmou que conheceu Eliza numa festa em que ela estava acompanhada de Bruno e admitiu que, no evento, havia pessoas nuas pela casa. Ele, no entanto, negou que tenha emprestado seu carro para que o amigo a levasse para Belo Horizonte. O atleta confirmou ainda que Bruno e Elisa namoravam, mas que não costumavam sair juntos com muita freqüência.
O lateral Léo Moura falou ao juiz por 12 minutos. Ele afirmou que só podia falar do ex-colega de time sob o aspecto profissional e que sabia apenas que Bruno, Adriano e Wagner Love eram amigos dentro de campo.
Já o zagueiro e ex-jogador do Flamengo, Álvaro disse que Eliza era conhecida no Brasil e até na Europa por vários jogadores. Que chegou a ouvir que Bruno era mulherengo, mas não sabe dizer se ele saía com mulheres de programa.
Bruno passa mal
Momentos antes da audiência, o goleiro Bruno passou mal no fórum de Jacarepaguá. Uma ambulância chegou ao local para atendê-lo. Segundo o Tribunal de Justiça, ele sofreu uma queda de pressão e chegou a desmaiar na cela, antes de entrar na sala do juiz.
A mãe de Eliza Samudio não conseguiu assistir à audiência. Sônia Samudio teve uma crise nervosa ao ficar cara a cara com o goleiro na sala de audiência e saiu chorando.
DNA
Mais cedo, ao chegar ao fórum, o advogado do jogador, Ércio Quaresma, disse que seu cliente estava disposto a fazer o exame de DNA para saber se o filho de Eliza é dele. Ele é acusado de sequestro e de tentar fazer com que ela abortasse.
"É uma estratégia para diminuir a pena dele, querem passar uma imagem de bom moço do Bruno. Mas, com certeza, ele será condenado", disse o promotor Eduardo Paes.
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