O secretário estadual de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame confirmou na manhã desta sexta-feira (7) a exoneração do coronel José Luis Castro e o nome do novo comandante da Polícia Militar: coronel Alberto Pinheiro Neto, que já chefiou o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e estava na reserva, responsável pela segurança da TV Globo. O novo comandante, entretanto, assumirá somente em 2 de janeiro; até lá, o cargo será ocupado interinamente pelo coronel Ibis Silva Pereira, que ocupava o cargo de diretor de ensino da corporação.

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Curiosamente, o comandante interino (formado em direito e filosofia) é um crítico do que define como "Bopelatria", a idolatria iniciada após o filme "Tropa de Elite" (2007) de jovens pelo mesmo Bope que já foi comandado por Pinheiro Neto. O novo comandante, segundo Beltrame, ainda tem questões pessoais (inclusive de saúde, terá uma cirurgia pela frente) a resolver, por isso só assumirá em 2015. Já fora da ativa e trabalhando para a Globo, ele havia entrado com pedido de aposentadoria, ainda não analisado.

Apesar de justificar a saída de José Luis Castro pelo "momento de renovação" com a formação de um "novo" governo a partir da reeleição de Luiz Fernando Pezão (PMDB), o secretário de segurança reconheceu que as recentes crises na PM contribuíram para a queda do coronel. "Esses episódios que aconteceram mexem, sim, estremecem o comando. Mas a troca se deu porque temos esse momento de virada e acho que precisamos avançar", disse Beltrame. A ideia de "virada" não vale, entretanto, para a chefia de Polícia Civil, que continuará ocupada pelo delegado Fernando Veloso.

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Foram quatro os "episódios" recentes que abalaram o comando da Polícia Militar: além dos dois grandes esquemas de corrupção dentro da corporação descobertos pela subsecretaria de Inteligência e o Ministério Público do Rio (um deles levou à prisão do então chefe do Comando de Operações Especiais, Alexandre Fontenelle, indicado ao cargo por José Luis Castro), o caso do roubo de 29 armas dentro do prédio do Batalhão de Choque e também as denúncias de corrupção na compra de materiais e roupa no hospital da PM em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.

Embora reconheça a influência dos casos na exoneração de José Luis Castro, Beltrame reafirmou que não há provas até o momento que liguem o agora ex-comandante a qualquer um dos esquemas de corrupção. O gaúcho disse que a subsecretaria de Inteligência segue investigando possíveis casos de corrupção da PM e "quem mais tiver de sair, vai sair".

O secretário estadual de Segurança também afirmou que não há previsão de implantação de novas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) a "curto prazo" (ao menos até o fim do ano, mas nenhuma será inaugurada) e que o projeto está passando por uma análise profunda. Apesar dos crescentes casos de tiroteios e mortes de PMs, moradores e suspeitos em comunidades "pacificadas", Beltrame negou que as UPPs estejam em crise. "Crise existia antes, no tempo em que você não podia ir lá (no Alemão)", disse. "Claro que temos problemas, mas são essas coisas que nos levam a fazer esse diagnóstico".