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Violência no Rio

Secretário diz que vai apurar denúncias

Uma casamata construída pelos traficantes da Vila Cruzeiro, na Penha, foi explodida ontem pela polícia: local era ponto de observação dos criminosos | Antonio Scorza / AFP
Uma casamata construída pelos traficantes da Vila Cruzeiro, na Penha, foi explodida ontem pela polícia: local era ponto de observação dos criminosos (Foto: Antonio Scorza / AFP)

Em visita ontem ao complexo de favelas do Alemão, no Rio de Ja­­neiro, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, disse que as denúncias de excessos de policiais e as suspeitas de desvios de armas, dinheiro e drogas apreendidos serão apuradas "caso a caso’’. A cúpula da Segurança do Rio investiga o envolvimento de policiais militares e civis em desvios dentro do complexo e, também, na facilitação de fugas de traficantes durante a ocupação."Houve acusação, vamos levantar, vamos punir, mas não podemos parar. É determinante que se avance para consolidar essa ocupação’’, afirmou o secretário de Segu­rança. Para Beltrame, "é temerário acusar sem provas’’. "A suposição atrapalha a todos nós. As denúncias existem de toda ordem. Na medida em que tivermos o saldo de todas as ocorrências registradas, vamos analisar caso a caso.’’

Com uma equipe de 19 policiais no Alemão, a Corregedoria Geral Unificada (CGU), da Secre­taria de Segurança, apura "informes de desvio de dinheiro, armas, ouro [possivelmente joias] e drogas do tráfico’’, disse o corregedor Giuseppe Vitagliano. A CGU investiga também se policiais, atrás de dinheiro e joias, agrediram moradores que supostamente teriam ligação com traficantes e guardariam bens do tráfico.

Conforme a reportagem apurou, o governo do Rio considera dignas as suspeitas de que policiais corruptos possam ter facilitado a fuga de criminosos do Alemão. Não quer, no entanto, que a investigação sobre o caso ganhe muita visibilidade para não ofuscar a visão que predominou até aqui na mídia e na sociedade de que a operação foi um sucesso. O objetivo do governo fluminense é manter as apurações sob sigilo a fim de que sejam divulgadas apenas suas conclusões finais.

Ontem, o Exército reforçou os bloqueios nas ruas que dão acesso à favela depois que suspeitos armados teriam sido vistos na região. Barricadas com sacos de terra e areia foram montadas nas ruas Canitar, Dona Emília, Relicário e Lume das Estrelas. Os soldados permanecem entrincheirados durante a noite para evitar as balas. As revistas, que vinham se tornando mais rápidas, voltaram a ficar rigorosas.

Drogas

Na tarde de ontem, 43 toneladas de drogas apreendidas desde o início das operações policiais no complexo começaram a ser incineradas na Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda. A droga foi levada em quatro caminhões e acompanhada por policiais civis e federais. A queima do material deve durar cerca de 24 horas.

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