A falta de qualificação na gestão policial é o principal entrave para a integração das polícias no Brasil. A opinião é do secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, que ministrou ontem a aula inaugural no 1.º Curso de Especialização de Gestão em Segurança Pública, em Curitiba. Promovida pela Escola Superior de Polícia Civil, a pós-graduação é dirigida a delegados de 3.ª e 4.ª classes do estado.
"De nada adianta fazer grandes investimentos em segurança pública se ainda não há uma gestão adequada", afirmou. Entenda-se por uma melhor gestão a administração de recursos, o gerenciamento de pessoal e a aplicação do planejamento à rotina da polícia. "Temos um contingente de 550 mil homens e mulheres policiais nas ruas e precisamos readaptá-los à realidade de hoje, de uma segurança mais cidadã, respeitadora dos direitos humanos e consciente do emprego legal da força", completa.
Corrêa falou a uma platéia de 78 delegados, no Estação Embratel Convention Center, sobre as ações de implantação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp). "Queremos envolver os técnicos de todos os estados e tentar construir uma solução política em nível nacional para a segurança", disse. Por todo o país estão sendo criados comitês regionais envolvendo o poder público e diversas entidades para discutir medidas que tragam mais segurança à população.
Para o secretário, o Paraná é um exemplo para o Brasil no que diz respeito à integração entre as polícias. "Não passamos um mês sem que ocorra alguma operação envolvendo as forças locais com a Polícia Federal. Isso é algo bastante positivo", opinou. Mas, em outras regiões, destacou ele, ainda há muito o que fazer para que a integração se torne uma realidade.
Pós-graduação
O curso de especialização em Segurança Pública terá carga horária de 416 horas e será dividido em três módulos: Processo Administrativo (aberto ontem), Gerenciamento Policial e Planejamento Estratégico. O secretário estadual de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, destacou o fato da Escola de Polícia Civil do Paraná ser a única do país gabaritada a certificar sem recorrer à ajuda de outras universidades.
Delazari voltou a defender o aperfeiçoamento da polícia em detrimento do simples aumento do efetivo no Paraná, que hoje é de um policial para cada 476 habitantes a menor relação entre os estados das regiões Sul e Sudeste. "Não adianta o estado comprar viaturas e armamentos se o principal da segurança, que é o ser humano policial, não estiver preparado física e intelectualmente para o trabalho. Por isso, continuaremos a investir na qualificação do policial", afirmou. Corrêa fez coro ao secretário estadual. "O aumento do efetivo é uma medida que, isolada, não adianta. Acho que se agregarmos um pouco de tecnologia, gestão e racionalidade com o pouco que se tem já se tem uma melhora", opinou. O primeiro módulo do curso termina no dia 8 de outubro.
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