A credibilidade do Enem foi colocada em xeque por universidades, secretários estaduais de Educação e senadores após seu cancelamento, anunciado na madrugada de ontem, pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. A prova estava marcada para sábado e domingo e seria a primeira no novo formato. A ideia de Haddad é que o Enem substitua o vestibular das principais universidades do país e, consequentemente, seja o norteador de um novo currículo para o ensino médio.
A pressa entre o anúncio de um novo formato para o Enem e a sua implementação, que ocorreu num intervalo de cerca de cinco meses, é um dos principais pontos de discussão. Para o diretor executivo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Gustavo Balduíno, pelo fato de o novo Enem substituir o processo seletivo em 24 das 55 universidades federais, o modelo exige uma logística complexa de segurança. "Na medida em que a importância do Enem aumenta, há mais intenção de burlar a prova e o grau de responsabilidade também é maior", afirma.
Lição
A tentativa de fraude servirá como lição, conforme ressalta a presidente do Conselho Nacional dos Secretários em Educação (Consed), Maria Auxiliadora Rezende, também secretária de Educação do estado de Tocantins. "O número de concorrentes é muito alto. A utilização como vestibular é um fator complicador. Ainda bem que conseguiram apurar o problema antes da prova", diz.
No Senado, Haddad foi convidado ontem à tarde pelo senador Flávio Arns (PSBD-PR) para prestar esclarecimentos na reunião da Comissão de Educação, Cultura e Esportes, na terça-feira que vem. O senador afirma que o ministro deve adiar uma viagem para a França, que já estava programada. "Não há desconfiança em relação ao trabalho do ministro e ele deve ser o primeiro interessado em esclarecer o assunto. Precisamos ter certeza da lisura deste processo, se já ocorreu este tipo de problema outras vezes e como andam as investigações", ressalta. (TD)