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Black blocs prometem tornar a Copa em caos e ameaçam unir forças com facção criminosa | Victor Moriyama/Reuters
Black blocs prometem tornar a Copa em caos e ameaçam unir forças com facção criminosa| Foto: Victor Moriyama/Reuters

Das 12 capitais brasileiras que sediarão a Copa do Mundo, apenas cinco viram queda na violência na última década. O quadro é apontado por cálculo feito a partir dos dados de taxa de homicídio do Mapa da Violência 2014. Mesmo entre as cidades que tiveram redução no percentual de homicídios por cem mil habitantes, houve crescimento de outros tipos de crime, como roubo ou estupro.

O cenário desafia o esquema montado para a Copa, cujo plano nacional de segurança, até um mês antes do início do Mundial, tinha menos de 12% pagos do total previsto para as cidades, segundo a Secretaria de Grandes Eventos. E não se trata apenas de problemas potenciais de segurança nas áreas centrais de cada cidade-sede. As periferias dessas capitais e suas regiões metropolitanas correm o risco de ver aumento da criminalidade, já que o policiamento estará concentrado nas regiões turísticas e nos locais onde público e participantes da Copa estarão.

Autor do Mapa da Vio­­lência, o sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz calculou as taxas de homicídio nas 12 cidades-sede de 2002 a 2012, ano com os dados mais recentes. Com a taxa mais baixa, São Paulo tinha índice de 15,4% em 2012. Em segunda, vem Rio de Janeiro (21,5%). Os piores casos estão no Nordeste: Fortaleza (76,8%) e Salvador (60,6%). No período calculado, Belo Horizonte, Cuiabá, Recife, Rio e São Paulo tiveram queda no índice, mas, de 2011 para 2012, as capitais mineira e paulista tiveram aumento nas taxas.

"Epidemia" é como o vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, classifica a situação dos homicídios nas capitais do Mundial. Isso porque todas têm taxas de homicídio acima de 10 por cem mil habitantes, o patamar considerado tolerável pelos padrões internacionais.

Além dos homicídios, levantamento do Fórum mostrou aumento nas taxas de outros crimes em parte das capitais. Em São Paulo, houve aumento de 75,7% em estupros e de 29,5% em roubos de veículos entre 2009 e 2013. Salvador, além do aumento de homicídios, teve crescimento de 332,6% em furtos de veículos. O Rio viu um crescimento de 199,6% em estupros de 2009 a 2013. E Cuiabá teve aumento de 91,1% em roubos de veículos de 2011 a 2013.

Ministro rebate ameaça de união entre black blocs e PCC

Agência Estado

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reagiu às declarações de integrantes de black blocs, publicadas ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo, que prometeram transformar a Copa "num caos" e anunciaram associação de esforços para as manifestações com o Primeiro Comando da Capital (PCC). "É inadmissível que pessoas queiram se associar ao crime para fazer reivindicações", declarou o ministro. E avisou: "Não toleraremos abuso de qualquer natureza e as pessoas que praticarem ilícitos responderão nos termos da lei penal".

Cardozo assegurou que o governo está monitorando todos os setores considerados estratégicos, que poderão criar algum tipo de problema, e salientou que "existe uma cooperação entre os serviços de inteligência dos governos federal e estadual para acompanhar as mais diversas situações".

Apesar de os jovens que deram entrevista ao jornal dizerem que não são monitorados pela polícia, o ministro informou que o governo monitora diversos segmentos e que não pode dar detalhes por se tratar de informação de inteligência.

Cardozo destacou ainda que as autoridades policiais "estão prontas para qualquer situação" e todas as medidas de segurança foram tomadas. "Estamos muito seguros que teremos bom padrão de segurança na Copa e estamos preparados para enfrentar situações desta natureza."

Equívoco

O ministro também criticou a motivação dos jovens para fazerem as manifestações, que alegaram que esta era uma forma de exigir que o Estado prestasse os serviços direito para a população. "Se alguém acha que vai melhorar o mundo com este tipo de método, incorre em um equívoco reprovável por toda a sociedade brasileira", afirmou ele, acentuando que "a lei existe e será cumprida". Ele lembrou que as manifestações são permitidas e fazem parte da democracia, mas que o governo não irá tolerar abusos.

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