Um dos primeiros motoristas com deficiência física do Uber no Brasil, Peterson Cruz, 35 anos, passou por um susto na noite do último sábado (20). Depois de parar para abastecer em um posto de combustível no centro de Curitiba por volta das 21h, o motorista aceitou o chamado de um cliente e, quando seguia pela Avenida Iguaçu foi fechado por um motorista de táxi. “Para evitar um acidente maior, tive que subir no meio-fio. Isso fez com que os pneus do carro furassem”, contou Cruz.
O susto foi grande e o motorista não conseguiu anotar a placa do carro do taxista. Apesar disso, afirmou que deve registrar um boletim de ocorrência nos próximos dias, por conta do procedimento adotado pela Uber, que solicita que os motoristas aguardem o contato de um advogado da empresa para iniciar os procedimentos. De acordo com Cruz, isso deve acontecer já no início da semana.
Por ser cadeirante, o motorista precisou contatar outros motoristas do aplicativo para conseguir sair do local. “Eles vieram me ajudar e só assim consegui, pelo menos, chegar em casa. Tive que parar de trabalhar”, disse.
Formado em Direito, Cruz afirma que se tornar motorista do Uber abriu as portas para o mercado de trabalho. “Não tem um escritório que queira investir em acessibilidade e nenhum taxista que vá investir mais de R$ 5 mil em um carro adaptado. Mesmo se eu quisesse ser taxista, não conseguiria. O Uber abriu uma porta para eu conseguir trabalhar”, afirmou o motorista.
Agora, Peterson diz esperar respostas mais eficientes do poder público para que a situação dos motoristas de aplicativo se regularize na capital. “Todo mundo sabe que Curitiba é uma cidade inovadora e ainda está passando por isso?”, questionou. O motorista ainda afirmou que os motoristas de aplicativos estão se mobilizando para montar uma associação que represente a categoria. “Também precisamos ser bem representados, para que as decisões sejam justas e que essas situações sejam resolvidas de uma vez por todas”, concluiu.