A Polícia Civil do Rio divulgou no início da noite de terça-feira (6) o segundo laudo feito na urina de Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno, do Flamengo, que está desaparecida desde o início de junho.
Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) encontraram a presença de duas substâncias que podem estar associadas a efeitos abortivos: A 2-Piperidinona e a 1-Acetil-Piperidina. Segundo o ICCE, essas substâncias são encontradas em várias famílias de vegetais.
O laudo, no entanto, não é conclusivo. Segundo os peritos, é preciso comparar susbstâncias encontradas na urina de Eliza com materiais de referência.
Veja a íntegra da nota divulgada pela assessoria da Polícia Civil, com o segundo resultado:
"De acordo com o diretor do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), Sergio da Costa Henriques, o item 3 demonstra que Eliza Samudio não ingeriu nenhum tipo de calmante ou sedativo. No depoimento ao médico legista Eliza afirmou que teria ingerido 10 comprimidos, alguns azuis e outros rosa, porém não informou aos peritos ter ingerido nenhum líquido amargo, como havia declarado em seu depoimento na delegacia. A piperidina encontrada na urina de Elisa pode ser encontrada em alguns tipos de medicamentos bem como em plantas abortivas, ou seja ela pode ter ingerido um chá abortivo".
No dia 1º, o primeiro laudo divulgado apontou substâncias abortivas na urina de Eliza. O mesmo resultado, no entanto, podia ocorrer com o uso simultâneo de bebidas alcóolicas e fumo. Por isso foi pedido o segundo exame. O material havia sido colhido em outubro do ano passado, depois que ela denunciou o goleiro do Flamengo de tê-la sequestrado, agredido e tentado fazê-la abortar o filho que seria dos dois.
Menor presta depoimento
Nesta terça-feira (6), um inspetor da Divisão de Homicídios do Rio disse que o menor levado da casa do goleiro Bruno confirmou que a ex-namorada do atleta do Flamengo, Eliza Samudio, estaria morta. Ele, no entanto, não teria dito como isso aconteceu. Segundo o policial, o menor disse também que sequestrou e deu uma coronhada na cabeça da jovem, que ficou desacordada, mas não teria morrido em decorrência da agressão. Eliza está desaparecida desde o início de junho.
Na versão do menor, Eliza saiu de carro junto com um amigo de Bruno, Luiz Henrique Ferreira Romão, conhecido como Macarrão. O adolescente estaria escondido no carro e teria agredido Eliza depois de uma discussão entre ela e Macarrão. O inspetor disse que o menor não envolveu Bruno no ocorrido.
Um dos advogados do escritório que defende o goleiro Bruno, Monclar Gama, esteve mais cedo na Divisão de Homicídios para ver como estava o menor. O advogado disse, ao sair da delegacia, que não teve acesso ao depoimento prestado pelo adolescente. Ele afirmou também que Bruno estava na casa no momento em que a polícia chegou para levar o menor, e recebeu os agentes. Segundo Gama, o menor permanece na delegacia, acompanhado de um tio.
Entenda o caso
De acordo com a polícia, o sumiço de Eliza Samudio começou a ser investigado depois de denúncias de que ela havia sido agredida no sítio que pertence ao jogador Bruno, em Esmeraldas (MG).
Dayane Fernandes, mulher do goleiro Bruno, teria dito, em depoimento à polícia, que Eliza teria abandonado o bebê. A criança foi encontrada pela polícia na casa de desconhecidos e foi entregue ao avô, pai de Eliza, em 27 de junho.
Dayane chegou a ser levada à delegacia na sexta-feira, 25 de junho. Ela foi detida e liberada em seguida. Segundo a delegada, a mulher do atleta foi autuada por subtração de incapaz.
Na segunda-feira passada, 28 de junho, a polícia vasculhou o sítio do goleiro Bruno, por mais de nove horas. Policiais e peritos fizeram escavações e vistoriaram o sótão, onde encontraram roupas de mulher, objetos de criança, fraldas e passagens aéreas. Um poço também foi vasculhado. A polícia já ouviu funcionários do sítio de Bruno e amigas de Eliza.
O Flamengo anunciou que o goleiro permanece afastado do time durante as investigações. Em 1º de julho, ele disse que estava "muito chateado" com o sumiço de Eliza. O atleta ainda não foi chamado para depor.