Uso da cadeirinha será obrigatório em 2010
A Resolução nº 277, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), vai obrigar, a partir de 2010, os pais a transportarem seus filhos de até 7 anos em cadeirinhas específicas. Até 1 ano de idade, a indicação é para a utilização do "bebê-conforto" uma espécie de cestinha virado para a traseira do carro. Entre 1 e 4 anos, a cadeirinha fica voltada para frente. As crianças entre 4 e 7 anos deverão ser acomodadas em um assento de elevação. Acima dos 7 anos, os pequenos estão autorizados a usar o cinto de segurança do banco traseiro. A falta do dispositivo de segurança será considerada infração gravíssima, com a perda de 7 pontos na carteira de habilitação e multa de R$ 191,54.
Programação
A Semana Nacional do Trânsito, que tem início hoje, terá atividades educativas para crianças e adultos.
18/9 Blitze no Colégio Positivo Jr. e na Avenida Nossa Senhora da Luz, esquina com a Rua Itupava. Teatro de fantoches nas Escolas Lúmen e Santa Maria.
19/9 Solenidade comemorativa à Semana Nacional de Trânsito, no Salão de Atos do Parque Barigüi. Das 11h30 às 13h30, blitz no Colégio Imaculada Conceição. Espaço Detran, durante todo o dia, no Shopping Estação (Avenida Sete de Setembro, 2.775). Teatro de fantoches no Colégio Expoente.
20/9 Espaço Detran, durante todo o dia, no Shopping Estação e blitz na Rua Raphael Papa, no Alto da XV.
21/09 Espaço Detran, durante todo o dia, no Shopping Estação e divulgação da Semana Nacional do Trânsito no jogo entre Atlético e Grêmio, na Arena da Baixada.
22/9 Das 10 horas às 11h30, palestra educativa no Colégio Estadual Professora Maria Senek Wosnahcki, em Mandirituba. Teatro de fantoches no Colégio Expoente e blitz na Rua Padre Agostinho.
23/9 Blitz na rodoviária. Teatro de fantoches no Colégio Positivo Ambiental.
24/9 Mega Evento, na Praça Osório, durante todo o dia, com a participação dos órgãos atuantes na Semana. Teatro de fantoches no Colégio Positivo Júnior.
25/9 Blitze de encerramento no Colégio Positivo Ambiental e Bom Jesus, do Cajuru. Teatro de Fantoches no Colégio Bom Jesus Nossa Senhora de Lourdes.
No ano passado, 3.051 crianças de zero a 12 anos sofreram algum acidente relacionado ao trânsito em todo o estado e 57 morreram. E no primeiro semestre deste ano os números se mantiveram parecidos: foram registrados 1.481 feridos e 27 mortos. Segundo dados da ONG Criança Segura, o trânsito é o tipo de acidente que mais causa mortes nas crianças brasileiras de até 14 anos, totalizando 2,3 mil mortes ao fim de um ano e 17,7 mil feridos.
Os dados, alarmantes, ainda não demonstram a realidade. "As mortes são computadas apenas quando ocorrem no asfalto, não há contagem do número de falecimentos devido às complicações após o acidente. Conforme especialistas, o número de mortes deveria ser multiplicado, pelo menos, por três para se aproximar do real índice", diz Maria Helena Gusso Mattos, da Coordenadoria de Educação para o Trânsito (Coet), do Detran-PR. Com o objetivo de combater esses acidentes, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) escolheu as crianças de até 14 anos como tema da Semana Nacional do Trânsito, que tem início hoje, em todo o Brasil.
Maria Helena defende que esse tipo de iniciativa deve ser realizada de forma constante. "O Detran faz palestras e ações nas escolas. Também levamos teatro para que as crianças entendam o trânsito de uma forma lúdica", afirma. A publicitária Ingrid Stammer, coordenadora de projetos da ONG Criança Segura em Curitiba, explica que 90% dos danos em acidentes com crianças podem ser evitados: "A prevenção é o mais importante. Os acidentes ainda são vistos como fatalidades ou situações do acaso", diz.
Para Ingrid Stammer, o trânsito pode não oferecer uma segunda chance à criança. "Ela é mais frágil, na estrutura física e na emocional. As crianças estão em contato com o trânsito em três momentos como pedestre, ciclista e passageiro e é preciso ter cuidados especiais em cada um deles", diz.
Ingrid alerta que os pais não podem entender as crianças como "miniadultos". "Não se pode soltar a criança, acreditando que ela reconhece o perigo. A estrutura física faz com que entre em muitos pontos cegos. Além disso, muitas vezes, ela não tem a noção exata de profundidade, não conseguindo discernir a distância dos carros", explica. "Tudo isso torna o trânsito ainda mais perigoso para uma criança. É uma sensibilidade diferenciada, que ainda está em desenvolvimento", concorda José Mario de Andrade, engenheiro especialista em trânsito e diretor de marketing da Perkons, empresa especializada em segurança no trânsito.
Exemplo
Em maio de 2006, o veículo em que se encontravam a funcionária pública Cristiane Salomon Keppen, seu marido e seus dois filhos gêmeos na época, com 4 anos foi atingido por um automóvel em alta velocidade na Avenida das Torres. Como o acidente ocorreu próximo ao viaduto que cruza a atual Linha Verde, o carro despencou da estrutura. Os dois adultos estavam com cinto de segurança e as duas crianças usavam a cadeirinha de automóveis, com cinto de cinco pontas. "A Luciana quebrou a clavícula e o Pedro não sofreu nada. Meu marido se machucou, mas também não foi nada grave. Tenho certeza de que seria fatal se não estivéssemos com o cinto e com a segurança adequada às crianças", opina Cristiane.
Para a funcionária pública, a segurança dentro do veículo é uma questão de hábito. "Se, desde sempre, a criança utilizar as cadeirinhas, torna-se um hábito. Meus filhos até reparam em outras crianças, questionando por que estão no banco da frente ou sem o cinto de segurança", diz, orgulhosa, a mãe. "Muitos pais usam o discurso de que o filho não gosta da cadeirinha. Mas não deve ser uma opção. É a obrigação de qualquer pai zelar pelos seus filhos", completa Maria Helena Gusso Mattos, do Detran-PR.
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