Um teste de imagem aplicado a dois grupos de funcionários. As cenas cotidianas são as mesmas, mas os personagens mudam: primeiro os atores são brancos; depois, negros. Resultado? Uma diferença gigantesca entre as percepções de cada um dos conjuntos sobre o que aquelas imagens representam. É nessa crítica ao racismo institucional que embarca uma campanha lançada nesta quinta-feira (17) pelo governo do Paraná. O objetivo é fazer a sociedade refletir sobre os gestos, às vezes pequenos e despercebidos, que alimentam a discriminação.
O vídeo da campanha é curto. São apenas dois minutos. Mas a ideia é forte. Dois grupos de quatro profissionais de recursos humanos respondem sobre o que pensam em relação a algumas imagens. Nas fotos, uma grafiteira, uma mulher que cuida da casa dela, um homem que trabalha no jardim da casa dele, um executivo, uma designer de moda e um jovem atrasado. Mas não é bem isso que o conjunto 2, de profissionais que veem as fotos com atores negros, descreve. Na mesma ordem, surgem uma pichadora, uma empregada doméstica, um jardineiro, um segurança de shopping, a funcionária de uma loja e um ladrão.
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Leia a matéria completa“São barreiras que as pessoas colocam como se fossem naturais”, explica Edson Lau Filho, assessor especial de Juventude do Executivo estadual, envolvido na criação da campanha. “É um tapa na cara. E mais impressionante. Quem está ali são profissionais de RH, que fazem a primeira triagem de qualquer contratação, em qualquer empresa”.
Segundo Lau Filho, a produtora responsável pelo vídeo é de Curitiba e todos os profissionais que participam do teste de imagem também trabalham na capital paranaense.
“É um problema cotidiano. Muita gente fala que não é racista, mas não percebe que às vezes está sendo. É mais ou menos essa a ideia que a gente tentou levar. As pessoas não falam muito sobre esse assunto”, acrescenta o assessor, que é negro e diz conviver praticamente todos os dias com esse tipo de discriminação.
Políticas públicas
Fundador da Associação Cultural de Negritude e Ação Popular (Acnap), Paulo Borges defende a importância das campanhas. Segundo ele, os novos posicionamentos dos governos em relação ao assunto ajudaram explicitar o racismo, ao mesmo tempo em que a discriminação se tornou mais evidente.
“A ação dos governos gerou uma reação. As pessoas ainda se incomodam, e muito, com o espaço que estamos conquistando. Nós falamos que o racismo é violento, que está no dia a dia não por causa da opinião das pessoas, mas porque é fato”, analisa.
Para ele, além de se debater a questão, também há a necessidade de se criar políticas públicas voltadas para a inclusão do negro na sociedade. Ele aponta a criação de cotas em universidades, por exemplo, como uma das maiores conquistas da sociedade nos últimos anos.
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