O morador de Piraquara Nei de Barros, funcionário de uma floricultura, acha que o município deveria ter mais policiamento. "Dizem que Piraquara é a cidade do crime", reclama ele. Embora reconheça que a prefeitura vem se esforçando para melhorar a pavimentação das ruas, Barros diz que ainda há muito a ser feito. Ele também sente falta de mais opções de divertimento na cidade. "Um cinema seria legal", sugere.
As queixas e desejos de Barros não são só dele. Tampouco são exclusivas dos moradores de Piraquara. A insegurança, o estado das ruas e a falta de opções de lazer são os itens em que a maioria dos entrevistados se considera insatisfeito na Grande Curitiba, de acordo com o levantamento da Paraná Pesquisas.
O maior problema é a segurança: 76% dos entrevistados sentem-se insatisfeitos com as ações de combate à criminalidade. De acordo com a Secretaria Estadual da Segurança Pública, 4 dos 16 municípios avaliados na pesquisa Almirante Tamandaré, Araucária, Fazenda Rio Grande e São José dos Pinhais apresentam índice de roubos maior que a média estadual, que é de 13 para cada 10 mil habitantes. Três cidades têm taxa de crimes contra a vida (assassinatos e suicídios) superior à média paranaense, de 1,07 morte para cada 10 mil pessoas: Itaperuçu (1,62), Almirante Tamandaré (1,37), Quatro Barras (1,31) e Fazenda Rio Grande (1,15).
A Secretaria da Segurança, em nota, informa que a criminalidade é reflexo do grande crescimento populacional da região e da incapacidade de o estado se preparar, na última década, para dar oportunidades de vida digna ao contingente de pessoas que migrou para a Grande Curitiba. Segundo o governo do estado, hoje essa situação mudou e estão sendo feitos investimentos sociais na região. A secretaria informa ainda que medidas policiais para combater a criminalidade estão sendo tomadas, tais como a patrulha escolar e o policiamento comunitário.
Medidas
Os municípios se viram como podem para combater o crime. Alguns como Araucária, São José dos Pinhais e Fazenda Rio Grande montaram guardas municipais para complementar o trabalho das polícias civil e militar. Mas as prefeituras esbarram na falta de recursos para montar uma estrutura de segurança ideal, diz o prefeito de Araucária e vice-presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba (Assomec), Olizandro Ferreira.
Outras cidades apostam suas fichas na aprovação de leis para proibir o funcionamento de bares durante a noite e a madrugada o que inibiria o consumo de álcool e a criminalidade. É o caso de Colombo, Almirante Tamandaré e Fazenda Rio Grande. Tamandaré aprovou a sua lei no ano passado. "Depois dela, houve uma redução de 30% da criminalidade", diz o secretário municipal de Governo, Sandro Mendes.
Após a segurança, a maior insatisfação do cidadão metropolitano é o estado de conservação das ruas (falta de antipó, buracos etc). A queixa é de 64,2% dos moradores. As opções de lazer também são insuficientes para 62,8% da população. "A gente percebe que essa é uma reclamação principalmente entre os jovens de 16 a 24 anos", diz o chefe de gabinete da Comec, Massilon Astarita.
Ele lembra que muitas das opções de divertimento devem ser ofertadas pela iniciativa privada. Mas, segundo Astarita, o estado vem tentando fazer sua parte, financiando a construção de quadras esportivas e estimulando que as escolas estaduais fiquem abertas durante os fins de semana para ofertar atividades culturais e esportivas. Olizandro Ferreira diz ainda que as prefeituras sabem da insatisfação, mas têm de priorizar os escassos recursos para áreas mais necessitadas (como saúde e educação).