A 8ª Conferência do Forte de Copacabana, que será aberta nesta quinta-feira (3) à noite no Rio, vai debater, entre outros temas, a fragilidade da segurança pública internacional diante dos movimentos de protesto que se espalham no mundo em decorrência da crise financeira em países da União Europeia. O encontro é promovido pela Fundação Konrad Adenauer e pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).
Para o representante da Fundação Konrad Adenauer no Brasil (KAS), o alemão Thomas Knirsch, doutor em ciências políticas pela Universidade de Bonn, os desafios desse fenômeno novo para o sistema político-financeiro são maiores nos países que enfrentam mais problemas de dívida pública, entre eles a Grécia, Espanha, Portugal e a Itália. "Porque, desta vez, não é uma crise bancária, como a provocada pela quebra do [banco de investimentos] Lehman Brothers, nos Estados Unidos.
Diante desse quadro, a juventude, que lidera os principais movimentos de protesto no mundo, não sabe se os políticos são capazes de tomar as melhores decisões para sair da crise, uma vez que se mostram controlados pelo mercado financeiro, disse Thomas Knirsch. "É um desafio geral e também uma desconfiança em relação ao sistema econômico e financeiro mundial". Segundo o especialista, se os bancos tomam decisões de alto risco, "quem vai pagar a conta final?"
A dúvida é se a questão tem a ver com os próprios bancos ou com os governos, por meio dos impostos cobrados ao povo, para evitar que o sistema econômico, financeiro e político fique desestabilizado. Segundo Knirsch, o problema é que não se sabe muito sobre esses movimentos de protesto, porque cada vez mais, eles são organizados por meio das redes sociais. Um exemplo foi a revolução registrada nos países árabes, citou. "É fácil convocar as pessoas para irem às ruas protestar. E como as autoridades públicas vão enfrentar esse fenômeno?"
Trata-se, disse o doutor em ciências políticas, de importante desafio para o desenvolvimento da democracia global. Ele lembrou que na Alemanha e nos países nórdicos surgiu um novo partido político (Partido Pirata), cuja programa está concentrado na proteção à liberdade de expressão na internet. "É a única agenda que o partido tem. Não há outro tema político".
Com quase 9% dos votos, o Partido Pirata conseguiu, pela primeira vez, representação em um parlamento estadual na Alemanha, nas eleições realizadas em setembro deste ano. Os piratas defendem o uso da internet para dar mais transparência à política.
"A juventude está desenvolvendo uma nova forma de protesto". Isso será, no futuro, um tema a mais de preocupação para a segurança internacional, para os sistemas de inteligência e os atores que tomam decisões econômicas e políticas, disse Thomas Knirsch. Para ele, a segurança pública se mostra fragilizada diante desses movimentos. "Se você não limita o acesso à internet, como a China está fazendo, você vai ter um protesto ainda maior da população". A tendência é que esses movimentos dos jovens sejam crescentes, conquistando o apoio de segmentos da sociedade civil e de empresas.
Knirsch alertou, porém, que ainda não se pode afirmar que isso constituirá uma ameaça à segurança pública. Ele acredita que a questão deve ser uma preocupação dos governos e dos responsáveis pela manutenção da ordem pública. "Eles têm que encontrar uma forma de diálogo com esses grupos. Porque, sem diálogo, vai ser muito difícil chegar a uma solução".
A 8ª Conferência do Forte de Copacabana vai até sexta-feira, abordando Os Novos Temas na Agenda de Segurança Internacional.
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