Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Paraná

Seis anos depois, crime neonazista ainda não foi julgado

Bernardo e Renata foram mortos em 2009, mas caso se arrasta na Justiça: recurso dos acusados do crime será analisado nesta quinta-feira (23). | Arquivo da família
Bernardo e Renata foram mortos em 2009, mas caso se arrasta na Justiça: recurso dos acusados do crime será analisado nesta quinta-feira (23). (Foto: Arquivo da família)

O feriado de 21 de abril de 2015 marcou seis anos do assassinato do casal Bernardo Dayrell e Renata Waeschter Ferreira. Eles foram mortos em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, por causa de uma disputa de poder entre grupos dissidentes neonazistas em 2009. O caso está parado na Justiça e um recurso da defesa dos acusados do crime será julgado nesta quinta-feira (23).

Até o momento, o acusado de ser o mandante, Ricardo Barollo, e os outros acusados de participarem do crime – Jairo Maciel Fischer, João Guilherme Correa, Rosana Almeida, Gustavo Wendler e Rodrigo Mota – não foram a júri popular. A Justiça de Campina Grande do Sul pronunciou os acusados em agosto do ano passado. Desde então, o caso está em recurso na 1.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). Nesta quinta-feira (23), às 13 horas, os desembargadores do órgão decidirão se refazem a decisão do primeiro grau ou mantêm os acusados no júri.

“Não é possível. Não aguentamos mais esperar. Há muitas provas de que são culpados”, desabafou o pai de Renata, o projetista mecânico Amadeu Ferreira. De acordo com o advogado da família, José Carlos Portella Junior, a expectativa é de que os desembargadores do TJ-PR reafirmem a decisão pelo júri. “Eu não vejo fundamento no que alegam os defensores dos acusados. Há um conjunto de provas que mostra que os acusados ou estavam presentes no crime ou participaram de outra forma”, afirmou. Segundo Portella Junior, a defesa dos acusados alega que não há provas suficientes e que há algumas nulidades do processo.

O advogado de Barollo, Adriano Bretas, afirmou que ele é inocente das acusações de ser o mandante do duplo homicídio. Antes do julgamento popular, o defensor pretende afastar algumas imputações de crime sobre seu cliente, como a acusação de que ele é o mandante do homicídio de Renata. Segundo Bretas, não há qualquer indício de que Barollo tenha mandado matar Renata. “O próprio Jairo Fischer admitiu [no processo] que o homicídio dela não foi encomendado”, afirmou. A reportagem tentou localizar os advogados dos outros acusados, mas não conseguiu.

O promotor do caso, Octacílio Sacerdote Filho, acredita que o TJ-PR vai enviar o processo a júri novamente, assim como o primeiro grau, mas alertou que existe a possibilidade de afastamento da acusação de mandante do crime contra Renata no órgão. A expectativa da acusação é de que, se confirmado, o julgamento popular ocorra no segundo semestre deste ano.

O caso

O duplo assassinato de Bernardo e Renata ocorreu em Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba, na região da BR 476, em razão da disputa de poder dentro de um grupo neonazista. Eles foram mortos na madrugada do dia 21 de abril de 2009 com tiros na cabeça quando participavam de uma festa em comemoração pelo aniversário do ditador alemão Adolf Hitler (1889-1945).

De acordo com a polícia, na época, a execução foi encomendada pela liderança nacional de um movimento neonazista por causa de uma disputa de poder entre grupos rivais. A polícia contou naquele ano que Barollo não aceitaria a ascensão de Bernardo, tido como um líder intelectual do movimento no Paraná. A defesa de Barollo sempre afirmou que nunca fez parte do projeto político defendido pelos neonazistas.

Os dois universitários foram atraídos para uma emboscada, segundo a polícia. Quando já estavam retornando para a festa, um dos suspeitos, Wendler (que também estava no carro junto com o casal), pediu que parassem no acostamento. Bernardo e Renata foram obrigados a descer do carro. Os dois universitários foram assassinados com tiros na cabeça por Correa e Fischer – que seguiam no veículo de trás, segundo a polícia.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.