Mais seis medicamentos fitoterápicos passarão a ser oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a partir de 2010. No total, o SUS contará com oito remédios desse tipo.

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Serão incluídos na relação oferecida à população remédios feitos com alcachofra, aroeira, cáscara sagrada, garra do diabo, insoflavona da soja e unha de gato. Desde 2006, medicamentos produzidos com guaco e espinheira santa estavam disponíveis.

Porém, o diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, José Miguel do Nascimento Junior, ressalta que nem todos esses medicamentos estarão nos postos de saúde.

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Segundo ele, cabe ao gestor do SUS de cada localidade definir quais remédios comprar com a verba destinada pelo Ministério da Saúde, pelos estados e municípios.

"A inclusão dos fitoterápicos no SUS significa que o administrador poderá comprar antibiótico, produto para asma e escolher também um xarope de guaco. Será levado em conta o costume do uso dessas plantas pela população. São seis novas opções terapêuticas que o gestor do SUS está autorizado a comprar para os pacientes, caso ele entenda que é interessante", disse Nascimento Junior ao G1.

Receita médica

Apesar da distribuição pelo SUS ajudar a popularizar os fitoterápicos, especialistas alertam que esses medicamentos só podem ser consumidos com orientação médica.

"Os medicamentos têm origem em plantas, mas isso não significa que podem ser tomados sem receita médica. Aquela ideia de que o que vem da terra não faz mal, não é verdade", diz Ricardo Tabach, doutor em psicobiologia e pesquisador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

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De acordo com Tabach, tomar fitoterápicos junto com remédios tradicionais não é apenas desnecessário, mas também perigoso. O ato pode acarretar em uma interação medicamentosa com efeitos colaterais e reações adversas. Mesmo produtos naturais são perigosos. "Um paciente em tratamento com um remédio tradicional pode começar a tomar um chá para ajudar. Quando ocorrem efeitos colaterais, o médico acha que é o remédio, sem saber que o motivo foi a combinação com o chá", diz.

A médica Ceci Mendes Carvalho Lopes, presidente da Associação Médica Brasileira de Fitomedicina (Sobrafito), acredita que a medida pode diminuir o preconceito dos próprios médicos em relação aos fitoterápicos. "Existe um preconceito imenso que, na realidade, não tem sentido, mas está baseado no fato de muitas faculdades não terem fitoterapia no currículo. O médico tem receio de se comprometer com uma coisa que ele não conhece", disse.

Para a médica, se o medicamento existe e tem efeito comprovado, não há motivos para não usá-lo. "Não pode acreditar só na tradição popular. Desde que exista o respaldo científico, o fitoterápico é uma opção para o médico conforme cada caso", afirma Ceci.

Registro

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que os oito medicamentos têm registro. Segundo a Anvisa, há 512 medicamentos fitoterápicos registrados, que são fabricados por 119 empresas.

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Segundo Nascimento Junior, os oito fitoterápicos disponíveis no SUS foram determinados a partir de alguns critérios, como ser originário de plantas nativas do Brasil ou exóticas adaptadas, estar representado nas cinco regiões do Brasil e ter indicação para uso em doenças da atenção básica.

A expectativa do governo é que os medicamentos sejam usados em todos os estados. "É um processo de crescimento para romper barreiras, preconceitos e ganhar o status como o de outros medicamentos", afirma Nascimento Junior.