Desde 2010, quando um terremoto devastou o Haiti, milhares de haitianos escolheram o Brasil para iniciar vida nova. Pela primeira vez, essa migração perde força. Veja histórias e personagens desta saga.
SÃO PAULO - Seis haitianos foram baleados na tarde do último sábado, dia 1º, na Baixada do Glicério, região central de São Paulo. Os feridos, entre eles uma mulher, estão internados no Hospital do Tatuapé, na zona leste, e ainda têm balas alojadas nas pernas e nos quadris. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, eles não correm risco de morrer.
Segundo a Secretaria, os haitianos foram feridos em dois ataques no mesmo dia. Dois deles estavam na Rua do Glicério quando foram atingidos e os outros quatro estavam na escadaria da igreja do bairro, onde fica o serviço da Missão paz, que acolhe os imigrantes na capital paulista. De acordo com o relato das vítimas deste segundo ataque, um carro cinza passou por eles, com quatro pessoas, e um dos ocupantes os identificou antes de disparar:
“Um dos homens gritou: “Haitianos, vocês roubam os nossos empregos”. E aí saiu atirando”, afirma o haitiano Patrick Dieudanne, que ajudou no socorro às vítimas.
O caso foi registrado no 8° DP do Brás como lesão corporal grave e ainda não se sabe a autoria do crime.
“Vemos todas as características de um atentado motivado por xenofobia”, afirmou Paulo Illes, coordenador de políticas para migrantes da Prefeitura de São Paulo, que acompanha o caso.
Antes de conseguir atendimento médico, os feridos passaram por pelo menos duas unidades de saúde e teriam sido recusados.
“Eles não foram atendidos por racismo, foram mandados para casa com as balas e com dor. Só conseguiram atendimento hoje”, diz Patrick.
A Secretaria Municipal de Direitos Humanos apura as denúncias de negligência médica e acompanha as investigações.
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