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Londrina

Seis meses depois, assassino de pastor continua foragido

Durante dois meses, o pastor Erinaldo Lopes da Silva, juntamente com os fiéis da Igreja Evangélica Poço de Água Viva, em Londrina (Norte do Paraná) reunia-se em vigília para orar pela redução da violência na Vila Casoni, na região central, onde fica a igreja. Depois de encerrada a vigília, todos saíam em prece pelas ruas do bairro. Na noite de 18 de maio de 2007, a caminhada de orações não aconteceu. Durante a vigília, um assaltante invadiu a igreja pedindo as chaves de um carro estacionado na rua e, ao ser interpelado por Erinaldo Lopes, atirou contra o pastor, que morreu na igreja, na frente dos fiéis.

Com base na descrição feita à polícia pelas testemunhas, o autor do crime foi identificado, o nome divulgado, mas até hoje, seis meses depois da morte do pastor, ele continua solto. Luiz Antônio Rodrigues, 40 anos, conhecido como Boca, é foragido da Colônia Penal Agrícola, em Piraquara (PR), na região metropolitana de Curitiba. Sua ficha criminal inclui uma extensa lista de delitos praticados e passagens por furto, roubo, incêndio, falso testemunho e posse de substância entorpecente.

Segundo o delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial de Londrina (SDP), Sérgio Barroso, uma denúncia anônima indicava como paradeiro de Rodrigues uma cidade no interior do Mato Grosso. A polícia daquele estado foi acionada, mas até hoje o assassino não foi localizado. "O nome e a foto foram lançados no sistema do Brasil todo e chegar até o foragido é questão de tempo", afirmou o delegado.

Apesar de não ter roubado nada na noite em que matou o pastor, Rodrigues foi indiciado pelo crime de latrocínio, pois havia a intenção de roubar. Para esse tipo de crime, a lei permite que, mesmo foragido, o processo tramite normalmente no Poder Judiciário. "Ele poderá ser condenado à revelia. Não precisa estar presente para ser julgado, como acontece nos crimes de homicídio", explicou Barroso. "Quando fazemos um trabalho e conseguimos elucidar um crime difícil, fica como algo inacabado se não prendemos o culpado. É um sentimento de dever cumprido quando colocamos o autor na cadeia."

Testemunhas não querem se expor

Segundo o delegado-chefe da 10ª SDP, Sérgio Barroso, é muito comum a omissão por parte das testemunhas. "Quando é na casa dela, a pessoa quer que a polícia aja com rigor. Mas quando é com o vizinho, a pessoa não quer se envolver, não quer ter incomodação e a prova testemunhal é difícil."

A dificuldade em prender os responsáveis pelos crimes, afirmou Barroso, nada tem a ver com a falta de estrutura da polícia. "Temos uma boa estrutura e avançamos muito na elucidação dos crimes. O problema é que nem mesmo uma confissão é suficiente para prender o suspeito. A própria confissão tem que ter a corroboração com outra prova", ressaltou o delegado. "O problema está mesmo na falta de prova testemunhal."

Em Londrina, o índice de elucidação dos crimes de homicídio é de 85%, de acordo com o delegado do setor, Joaquim de Mello. Os outros 15%, disse ele, são aqueles em que se conhece o autor, mas não se prende por falta de materialização da prova. Atualmente, na Divisão de Homicídios da 10ª SDP, há cerca de dez casos cujos autores dos crimes são conhecidos, mas não estão presos. "Ou a pessoa some ou não conseguimos a prova", disse Mello.

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